Goretti Brandão
No princípio era o Silêncio que jazia inerte sobre o imensurável e que depois veio a ser reconhecido como o Nada. Em seguida vieram os cinco sentidos e a semente da Ideia. Criou-se então o pensamento, projetor de imagens e sons aquele que, como alvo de encantamentos, ousou criar os signos e Palavra. Depois veio o nomeável: Quem Sou, Sou e o EU SOU. Então aquilo a que se chamava Silêncio e Nada, primevos, transformaram-se em Verbo. E o Verbo moveu em ação aquele que passou a se confirmar como alguém, pelas próprias descobertas ocasionadas pela dialética exclusão do silêncio.
Daí em diante, à Ação Verbal que visa transformar o indivíduo em O sujeito da História: aquele que fala, escuta, sente e enfim, escreve. A escrita, como um dos espaços preenchidos do Silêncio, como veículo para verbalizar o que sou, penso e registro, e que tem como função passar adiante a experiência do acúmulo cultural, social e histórico aos demais, privilegiado pela ferramenta da Comunicação.
Criamos os tempos verbais, como elaborações das extensões da ação e como auxiliar básico para a condição essencial à Vida: a conjugação do ato, das ações, da verbalização, através da palavra. Agora transitamos pelas redes sociais, pelos ciberespaços - locais de comunicação por redes de computação. Estamos interagindo através da realidade do virtual e a virtualidade do real, numa dimensão que ultrapassa as demais categorias comunicacionais, quebra paradigmas e interfere nas mudanças comportamentais da sociedade.
Diminuímos o vasto mundo e o tornamos uma casa comum a todos. (Pelo menos àqueles que podem ter acesso às interfaces, que permitem ações mútuas ou intercomunicação e troca entre as pessoas). É nesse contexto que reapresento e ratifico o meu blog, este espaço 'particular', que tem a peculiaridade de não ter delimitações nem fronteiras, já que se insere nos diversos e móveis dinamismos do real virtualizado e do virtual transformado em realidade continuada, múltipla e cheia de diversidade e interação. Eis a proposta.
Por isso é que: Eu escrevo e tu lês, enquanto ele responde. Eu observo, tu sentes, nós nos afligimos ou nos regozijamos diante da Palavra. A que diz, opina e conta, simultaneamente, as histórias da vida. A escrita, essa criação fantástica para a materialização da Palavra, é puro Verbo. E o movimento que noticia e troca informações dentro deste espaço de comunicação, busca a conjugação, senão de todos os verbos, mas de todos os tempos conjugáveis, que começam do cultivo à ampliação dos sentidos, e trabalham a Ideia.
A captação das vozes do Silêncio inicial, quebrado para estender-se em função da comunicabilidade e do registro cotidiano é o que faz deste blog, intencionalmente, o canto do exercício para a expressão do sentido e do espaço à toda boa intenção.