Após analisar as imagens da Companhia de Engenharia de Tráfico (CET-Rio) do dia do acidente de trânsito ocorrido em outubro do ano passado, envolvendo a atriz Grazi Massafera, no Rio, e ouvir depoimentos de uma testemunha que estava no local, o delegado da 16ª DP (Barra da Tijuca ), Fernando Reis, afirmou, nesta quinta-feira (17), que não há provas de que ela estava ao volante.
As câmeras registraram, entretanto, que foi o carro onde estava a atriz que avançou o sinal e bateu no veículo de um senhor de 70 anos, que acabou fraturando uma vértebra cervical.
A vítima analisou as imagens na delegacia, nesta quinta, e afirmou que se confundiu sobre acusação de que a atriz estaria dirigindo sem ter carteira no dia do acidente.
"As imagens não falam por si, porque são muito pequenas. O fundamental foi o depoimento de uma mulher que acionou o SAMU (Serviço de Atendimento Móvel de Urgência) do local", disse o delegado.
O G1 tentou entrar em contato com a atriz e com a assessoria dela, mas não obteve retorno.
A polícia checou no SAMU o áudio e o nome da testemunha, que acabou sendo a peça-chave da investigação. Segundo Reis, a mulher afirmou, em seu depoimento, que viu um homem sair do carro em que estava a atriz, pelo lado do motorista. Ela estava em um carro que, após o acidente, ficou entre os veículos do idoso e da atriz.
"Ele pode ter tido um apagão", diz delegado sobre vítima
Uma acareação foi feita entre a testemunha e a vítima. Ao confrontar os relatos com as imagens, a polícia concluiu que a vítima não saiu do carro imediatamente após a colisão e não caminhou até o veiculo de Grazi, como ele afirmava desde o início.
As câmeras mostram que ele demora quase um minuto para sair do carro. A vítima, então, foi ouvida novamente, nesta quinta e, segundo o delegado, diante das imagens o idoso reconheceu que deu uma versão fantasiosa anteriormente.
"Ele pode ter tido um apagão, é um senhor de 70 anos. Ele assumiu que não foi até o carro da atriz, o que não quer dizer que ela não seja responsabilizada pelos prejuízos causados, porque houve avanço de sinal", explicou Reis.
A polícia afirmou que as imagens estão sendo tratadas, para que sejam ampliadas. O delegado vai concluir um relatório e encaminhar para o Ministério Público. Ele esclareceu que não haverá indiciamento e, a partir de agora, o caso deve ir para a Justiça.
“Se existisse indício de má fé, teria a possibilidade de denunciação caluniosa. Mas diante da postura dele vendo as imagens (vítima), isso foi descartado”, disse Reis.
"Existe um avanço de sinal, quase mataram meu pai", diz filho de vítima
O filho da vítima, o médico Fernando Villalon, também esteve na delegacia nesta quinta. "Nossa família é de bem, sou médico, temos uma situação financeira muito tranquila, a gente não quer ganhar nada com isso", disse ele.
Ele disse que o pai continua usando colete e ainda tem uma vértebra fraturada. "Existe um avanço de sinal, quase mataram o meu pai. Ele teve fratura completa da segunda vértebra cervical, o que geralmente é fatal", afirmou.
A advogada da vítima, Flávia Luz, disse que vai pedir a reparação pelos danos . “A história veio à tona após a cobrança do seguro. Eles (Grazi e sua defesa) ainda afirmam que meu cliente avançou o sinal. Com isso, ele recebeu uma cobrança do carro do Cauã (ator, marido de Grazi), porque a informação que o seguro era de que a vítima tinha avançado”, explicou ela.
Como foi
O delegado Rafael Willis, que cuidava do caso antes de Reis, chegou a afirmar que, apesar de Grazi ter dito que seu motorista dirigia o carro, testemunhas do acidente haviam contado que era ela quem estava na direção. Grazi ainda não tinha habilitação.
O atual delegado do caso, no entanto, conta que, em depoimento, Grazi disse ter ligado para 190 enquanto seu motorista foi ver se a vítima precisava de socorro.