França diz que comunidade internacional deve intervir na Líbia

24/02/2011 09:12 - Brasil/Mundo
Por Redação

O ministro de Defesa francês, Alain Juppé, disse nesta quinta-feira que a comunidade internacional "deve intervir" na Líbia e manifestou que deseja que o líder do país africano, Muammar Kadafi, esteja vivendo "seus últimos momentos".

Em declarações à emissora France Inter, Juppé qualificou de "naturalmente inaceitável" o que está ocorrendo na Líbia, especialmente em alusão à intervenção dos militares contra a população civil.

"Quando um Governo não é capaz de proteger ele próprio a sua população, quando a agride, é quando a comunidade internacional tem o dever de intervir", resumiu o ministro. "Existe o Tribunal Penal Internacional e os criminosos são responsabilizados diante dela", acrescentou.

Juppé defendeu a "ingerência" internacional quando se trata, como neste caso, de exigir a responsabilização de políticos de certos Estados. "Frequentemente se fala da não ingerência nos assuntos de países em todo o planeta, mas há outro dever que foi adotado muito claramente pelas Nações Unidas: o da responsabilidade de proteger", finalizou o ministro francês.

Líbios enfrentam repressão e desafiam Kadafi
Impulsionada pela derrocada dos presidentes da Tunísia e do Egito, a população da Líbia iniciou protestos contra o líder Muammar Kadafi, que comanda o país desde 1969. As manifestações começaram a tomar vulto no dia 17 de fevereiro, e, em poucos dias, ao menos a capital Trípoli e as cidades de Benghazi e Tobruk já haviam se tornado palco de confrontos entre manifestantes e o exército.

Os relatos vindos do país não são precisos, mas tudo leva a crer que a onda de protestos nas ruas líbias já é bem mais violenta que as que derrubaram o tunisiano Ben Ali e o egípcio Mubarak. A população tem enfrentado uma dura repressão das forças armadas comandas por Kadafi. Há informações de que aeronáutica líbia teria bombardeado grupos de manifestantes em Trípoli. Estima-se que centenas de pessoas, entre manifestantes e policiais, tenham morrido.

Além da repressão, o governo líbio reagiu através dos pronunciamentos de Saif al-Islam , filho de Kadafi, que foi à TV acusar os protestos de um complô para dividir a Líbia, e do próprio Kadafi, que, também pela televisão, esbravejou durante mais de uma hora, xingando os contestadores de suas quatro décadas de governo centralizado e ameaçando-os de morte.

Além do clamor das ruas, a pressão política também cresce contra o coronel Kadafi. Internamente, um ministro líbio renunciou e pediu que as Forças Armadas se unissem à população. Vários embaixadores líbios também pediram renúncia ou, ao menos, teceram duras críticas à repressão. Além disso, o Conselho de Segurança das Nações Unidas fez reuniões emergenciais, nas quais responsabilizou Kadafi pelas mortes e indicou que a chacina na Líbia pode configurar um crime contra a humanidade.
 

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