Festival das Palavras Pretas: Poesia com Cor e Identidade que acontece hoje, sexta-feira, a partir das 19 horas, no Companhia da Lagosta é uma atividade leitora, que tem como objetivo despertar a curiosidade/conhecimento da sociedade na busca de ultrapassar as barreiras tradicionais da arte poética, levando em conta todas as muitas culturas e a preservação da identidade e raízes africanas.

E o poema Haiti de Caetano Veloso será um dos poemas que estará exposto ao público presente para ser lido e deglutido.

Haiti
Caetano Veloso
Quando você for convidado pra subir no adro
Da fundação casa de Jorge Amado
Pra ver do alto a fila de soldados, quase todos pretos
Dando porrada na nuca de malandros pretos
De ladrões mulatos e outros quase brancos
Tratados como pretos
Só pra mostrar aos outros quase pretos
(E são quase todos pretos)
E aos quase brancos pobres como pretos
Como é que pretos, pobres e mulatos
E quase brancos quase pretos de tão pobres são tratados
E não importa se os olhos do mundo inteiro
Possam estar por um momento voltados para o largo
Onde os escravos eram castigados
E hoje um batuque um batuque
Com a pureza de meninos uniformizados de escola secundária
Em dia de parada
E a grandeza épica de um povo em formação
Nos atrai, nos deslumbra e estimula
Não importa nada:
Nem o traço do sobrado
Nem a lente do fantástico,
Nem o disco de Paul Simon
Ninguém, ninguém é cidadão
Se você for a festa do pelô, e se você não for
Pense no Haiti, reze pelo Haiti
O Haiti é aqui
O Haiti não é aqui
E na TV se você vir um deputado em pânico mal dissimulado
Diante de qualquer, mas qualquer mesmo, qualquer, qualquer
Plano de educação que pareça fácil
Que pareça fácil e rápido
E vá representar uma ameaça de democratização
Do ensino do primeiro grau
E se esse mesmo deputado defender a adoção da pena capital
E o venerável cardeal disser que vê tanto espírito no feto
E nenhum no marginal
E se, ao furar o sinal, o velho sinal vermelho habitual
Cinqüenta cópias de poemas negros ou sobre atemática estarão espalhadas pelo salão da Companhia da Lagosta, ansiosos por serem apossados, lidos, explorados.
É a difusão da poética negra na terra de Palmares.
A música sonora da cantora Pauline Alencar, acompanhada do violão do Altair Roque transforma o I Festival das Palavras Pretas numa Conversa repleta de poesia sonora e de palavras faladas.
Feche por uns momentos sua agenda de compromissos inadiáveis e venha celebrar esse encontro de muitas gentes e outras culturas, compartilhando poesia nesse tempo tão árido de humanos com tempo para ser humano.
É uma viagem para ampliar nossos conhecimentos cotidianos.
A entrada é franca, mas para uma melhor acomodação faça reserva de mesa.
Ligue para a Michele e reserve a sua.
E até lá!
Afroabraços,
da Arísia Barros
Serviço:
Festival das Palavras Pretas: Poesias com Cor e Identidade
Local: Companhia da Lagosta
Rua: Dep. Luiz Gonzaga Coutinho, 86
Reservas de mesa: Michelle Santos-Gerente de Operações
Companhia da Lagosta Maceió e Japaratinga
End.: Rua Deputado Luiz Gonzaga Coutinho, S/N, bairro Jatiúca
Fone: (82) 3357-6153 (82) 3357-6153 / 9641-0509
Apareça!