O streetstyle da grife Sumemo esquentou o primeiro dia da Casa de Criadores, semana de moda alternativa que antecipa a temporada de desfiles brasileiros de inverno 2011, nesta segunda-feira (29).

Criada pelo skatista Alex Poisé em 2007, a marca fez sua estreia no evento trazendo toda a irreverência das ruas para a passarela em uma apresentação que “quebrou” a sequência de vestidos de festas, desfilados por estilistas como Rodrigo Rosner e Walério Araújo.

Com uma coleção agressiva, que expressou bem o DNA urbano, a grife provou sua vocação para o streetwear. Moletons, jaquetas de couro, camisetas com pegada hip hop, jeans com tachas e rebites, estampas de caveiras e referências às armas brancas, como o soco inglês, deram o tom da coleção.

Os looks femininos, novidade da marca, apostaram na sensualidade, com comprimentos curtos, silhuetas justas e atitude rock and roll. Roupa para valorizar a corpo da mulher, do jeito que Poisé gosta.

- Trouxe referências das ruas, de gangues com as quais convivi e de coisas que fui guardando em meu HD, como os tempos em que estive preso em Los Angeles [nos EUA]. Tudo nesta coleção tem um significado para mim.

Para desfilar, o skatista diz ter levado os amigos, um mix de rappers, tatuadores, DJs, skatistas e personalidades do “underground”. Gente como o badalado chef Alex Atala, o estilista Dudu Bertholini, os músicos Junior Lima e Japinha (baterista do CPM 22), o modelo Mateus Verdelho e sua namorada, a panicat Dani Bolina. Alguns, inclusive, desfilaram com seus filhos.

- Foram essas pessoas que fizeram a marca crescer e me deram força. E é isso aí, tudo junto e misturado [diz, referindo-se ao tema de sua coleção].

Sobre a estreia, diz que ficou feliz em fechar o primeiro dia de desfiles.

- Espero que as pessoas tenham gostado e que a repercussão seja positiva.

Outro que chamou atenção no primeiro dia da Casa de Criadores foi o estilista Danilo Costa. O novato se inspirou no filme Onde Vivem os Monstros, de Spike Jonze, e apresentou uma coleção coesa, com boas apostas.

Suas roupas souberam brincar com a temática proposta. Detalhes em pelúcia, tecidos que lembravam escamas, malhas e tricôs criaram a imagem de ursos, corujas e unicórnios em macacões e peças de alfaiataria masculina (boas combinações de shorts com blazer), sobreposições com calças e vestidos.

A paleta de cores focou nos azuis, nos cinzas e nos tons terrosos, como marrom e vermelho. O xadrez teve seu bom momento em um vestido volumoso e romântico. Os botões dourados, que Costa apresentou na coleção passada, apareceram novamente neste inverno lúdico.

Mas o destaque da noite foi mesmo para o preto. Walério Araújo, Rodrigo Rosner, Geraldo Couto e Rober Dognani apresentaram coleções praticamente monocromáticas. Sóbrias, pesadas e (definitivamente) invernais. A leveza surgiu, aqui e ali, nas formas e tecidos esvoaçantes.

Não fossem pelas formas e pelos acabamentos das roupas, a monotonia teria reinado na sala de desfiles do shopping Frei Caneca, onde acontece o evento.

Walério, queridinho de estrelas como Claudia Leitte, para quem assinou recentemente um vestido de tapete vermelho na premiação internacional do Emmy, criou viúvas alegres, glamurosas e sofisticadas. Ele celebrou a morte, mas manteve a mulher “toda boa” (em suas próprias palavras), valorizando a silhueta feminina com recortes e decotes nas costas, transparências e brilhos.

O estilista pernambucano reafirmou sua inclinação à alta-costura. O mesmo fez Rodrigo Rosner, da R. Rosner, que deixou suas roupas sociais respirarem em formas, fendas e leves volumes.

Balanço do 1º dia: transparências e rendas continuam em alta; os brilhos aparecem para renovar a sobriedade; os macacões ganham a noite, assim como as pantalonas; as costas ficam levemente à mostra; as mangas e as golas ganham destaque.