A noite estava especialmente fresca em Paris, e muitos fashionistas abandonaram casacos e meias-calças. Na passarela de Ricardo Tisci, a coleção também deveria ser para o Verão 2011 europeu. A visão do estilista da Givenchy sobre a época mais quente do ano, porém, é bem particular.

Por isso, o verão que fechou o domingo de desfiles em Paris misturou a estampa de onça – um hit já neste inverno europeu – a um espírito vampiresco. Algumas fortes tendências da próxima estação estavam lá, como as transparências, os recortes geométricos vazados, o preto e o branco. O resultado, porém, é sombrio e sexy quase agressivo, bem diferente da sensualidade solar que a maior parte das marcas tem desfilado.

O fetiche estava no ar e deixava seu rastro conforme as modelos, como Natasha Poly (que surgiu morena), Iris Strubegger (de cabelo loiríssimo) e a travesti brasileira Lea T., circulavam na passarela branca e quadrada, com uma grande caixa no meio, onde ficava o backstage. Um dos focos da coleção é a espinha dorsal, evidenciada por meio de tops com a tiras recortadas, passando bem no meio das costas, zíperes que desciam pelo meio da coluna e se encontravam com outro horizontal, formando o desenho de uma cruz, e ainda a mesma cruz, só que feita de um tecido diferente do usado em peças como jaquetas curtas, paletós e coletes, muitos coletes.

Nas jaquetas e paletós, há uma brincadeira com o fraque na parte de trás das peças e também a base da alfaiataria na construção da modelagem. Em toda a coleção, os ombros ganham destaque, ora ocm manguinhas curtas, estruturadas e triangulares, ora com mangas curtas caídas, vistas sob a transparência de capas e segundas peles em preto.

Além do preto e do branco combinados, o tom de pele e o amarelo forte da estampa de onça compuseram a cartela de cores da coleção da Givenchy, para as mulheres que gostam mais da lua do que do sol no verão.