Com a escassez de nomes reconhecidos mundialmente nos dois primeiros dias da semana de moda de Paris – a exceção foi a volta de Pierre Cardin às passarelas, nesta quarta-feira (29) – grifes jovens e alternativas e polos de moda de importância periférica tiveram a chance de ganhar um olhar mais atento dos convidados do evento.

Geralmente aplaudidos e prestigiados, a filha de Yohji Yamamoto e o estilista belga investem nas reconstruções e reinterpretações particulares de itens clássicos da alfaiataria, com foco na camisa e no paletó. A francesa Rochas, desde o ano passado sob a direção do italiano Marco Zanini, com estilo bem diferente de Van Noten e Limi Feu, repetiu o frescor do verão de ambos, a escolha de cores suaves, alegres e ainda assim marcantes como Noten e acrescentou boa dose de sensualidade em relação ao belga e à japonesa. Já Pierre Cardin revisita a si mesmo e, em tempos em que outros revisitam sua época áurea (os anos 1960), parece bem atual sua proposta para o Verão 2011.

Entre os que estão à margem do calendário oficial ou da predileção na agenda de compromissos dos fashionistas, os portugueses parecem esforçados na missão de divulgar sua moda para o mundo. Além de Felipe Oliveira Baptista (o mais bem-sucedido) e de Fatima Lopes, na programação do evento, Luis Buchinho realizou apresentação paralela ao “lineup”. Recebeu apoio da delegação de jornalistas e empresários portugueses que ocuparam dois ônibus fretados pela Portugal Fashion Week, uma das duas semanas de moda do país, realizada na cidade do Porto, e que apóia a internacionalização de estilistas do país.

Para André Costa, empresário português, dono de cinco lojas multimarcas em Portugal, é difícil para a moda portuguesa competir com todas as marcas da Europa. “Hoje há passagens de avião para Londres por 38 euros. A pessoa viaja e compra suas roupas lá”, diz. Convidado do São Paulo Fashion Week algumas vezes, Costa afirma apreciar a moda brasileira, sua identidade e criatividade, mas desistiu de revender as grifes do Brasil. “A roupa é muito cara e há problemas na entrega. As marcas também queriam vender para o comprador a preço de consumidor final. Não dá para eu vender um vestido de algodão que custa 400 reais na loja brasileira por 400 euros”, diz.