Padre Márcio Manuel lança livro sobre o primeiro Bispo alagoano

30/08/2010 16:09 - Blog do Sertão
Por Redação

Quem é
Nome: Márcio Manuel Machado Nunes
Idade: 28 anos
Formação: Licenciado em Filosofia pela Ufal; bacharel em Teologia; especialista em Docência do Ensino Superior pelo Cesmac.
Funções: Administrador Paroquial das cidades de Jacuípe, Jundiá e Campestre (AL)

Procurando resgatar as raízes mais remotas da Igreja que está em nosso Estado, Pe. Márcio Manuel reuniu em um livro a história de Dom Antônio Brandão, primeiro bispo da então criada diocese das Alagoas, como antigamente foi erigida. Com previsão de lançamento para o dia 30 de agosto às 19 horas no Seminário Provincial N. S. da Assunção, a obra se tornará conhecida ao público. Em entrevista ao Portal, o referido sacerdote diocesano retrata como foi a elaboração do livro e a realidade da produção eclesiástica em nossa terra.

Como foi a iniciativa de elaborar um livro sobre “Dom Antônio Brandão”? Por que a vida dele chamou a atenção do senhor?

Sempre percebi em mim um interesse latente pela história, isto em vários aspectos. Desde a disciplina história no ensino médio, onde temos a oportunidade de estudarmos a história geral e do Brasil, como até a história das cidades e das pessoas com quem encontrava ao longo da vida e das atividades pastorais. Quando ingressei no Seminário Provincial N. S. da Assunção, motivado também pelo querido professor Álvaro Queiroz, mergulhei mais profundamente na história eclesiástica de nosso Estado de Alagoas. Quase que diariamente visitava o arquivo da Cúria Metropolitana, sentia gosto e prazer ao me deparar com documentos históricos, cartas antigas, atas, etc... Na época, havia recebido a incumbência de elaborar uma pesquisa sobre os bispos de nossa Arquidiocese, e logo que me deparei com a figura de Dom Antônio Brandão, fiquei admirado! Ele nasceu na cidade sertaneja de Mata Grande, terra de meus antepassados e familiares. Dom Antônio tem em sua biografia características exemplares de coragem, intrepidez, persistência, tudo isto, num contexto histórico desfavorável para a vivência da fé católica. Era o alvorecer do marxismo, do positivismo, etc. Ele foi um homem visionário, no sentido que soube promover um crescimento colossal da Igreja em Alagoas. Sendo o primeiro alagoano sagrado Bispo e o primeiro prelado da então diocese das Alagoas. Minha intenção com este opúsculo é que ele sirva como causa propulsora de mais obras que busquem salvaguardar o imenso patrimônio histórico que possuímos.

Quais aspectos do livro o senhor mais destaca?

A biografia de Dom Antônio Brandão foi escrita buscando-se contextualizá-la em sua época. Acompanhando os passos de nosso biografado, nos deparamos com muitas figuras emblemáticas, personalidades que marcaram época, seja no contexto mundial (Papa Leão XIII), no nacional (Dom Frei Vital, mártir) ou no contexto político estadual (Governador Euclides Malta); porque o nosso Prelado estava envolvido dessas circunstâncias e pessoas, achamos por bem dar ênfase a estes temas. O livro é um resgate da figura de Dom Antônio, de sua época e de pessoas marcantes de seu tempo. Outro aspecto importante é o de que, ao pesquisar nos arquivos da Cúria Metropolitana, fui percebendo a necessidade urgente de arrolar os documentos existentes. Alguns estão se deteriorando e neste livro, procurei revivê-los; trazer novamente à tona, como que os preservando para pesquisas futuras. A verdade é que o povo alagoano merece rememorar seus antepassados, como que os resgatando do esquecimento e lançando-os novamente à frente dos grandes propósitos a serem concretizados! Que este livro seja um grande impulso para novas investigações históricas sobre a Igreja de nosso querido Estado das Alagoas.

Visto que o livro é fruto de um trabalho acadêmico, houve alteração da linguagem do mesmo para a publicação ou foi preservada a terminologia científica?

Sem comprometer o rigor e precisão, indispensável a qualquer pesquisa histórica, busquei escrever de maneira clara e acessível. A simplicidade e a objetividade estão longe de serem opostas. Meu interesse maior é que mais pessoas tenham acesso à história da nossa Igreja em Alagoas, perceba a riqueza de seu passado e possam sentir sua identidade fortalecida. Antes da publicação muitas pessoas tiveram a oportunidade de lê-lo e o que me deixou um pouco mais tranqüilo foi que compreenderam bem sua mensagem. Penso que este livro, porque fala de nossa Igreja, pode servir de leitura para a mais simples dona de casa, ao mais erudito pesquisador.

Há interesse em expor o livro em outras ocasiões, como por exemplo, eventos, palestras, etc?

Lançarei também o livro nas bibliotecas das cidades que exerço meu ministério sacerdotal, Jacuípe, Jundiá e Campestre. Recebi o convite do professor Álvaro para apresentá-lo no Instituto Histórico e Geográfico de Alagoas, ainda não tenho datas fixas, mas logo que souber irei divulgá-las. Sem prescindir das minhas atividades pastorais, na medida do possível, estou aberto a convites para estudos e palestras sobre a história eclesiástica de Alagoas.

Diante da falta iniciativas na área da historiografia eclesiástica alagoana, qual a sua análise sobre esta realidade?

Costumo dizer que a História Eclesiástica de Alagoas é, ainda, uma preciosa e exótica floresta que, se retirando raras e corajosas exceções, tem sido pouco explorada. Os historiadores e pesquisadores que se decidem a tal intento devem, consideravelmente, levar a cabo uma árdua tarefa que é iniciada desde os primeiros passos, ao se buscar fontes e documentos históricos seguros nos arquivos até se chegar ao término da sempre inacabada exploração, noutras palavras, até a publicação. Não podemos deixar de citar entre os nobres historiadores: Álvaro Queiroz, Mons. Cícero de Vasconcelos, Ernani Mero, Pe. Júlio de Albuquerque, Côn. Theotônio Ribeiro, Mons. João Leite, Tobias Medeiros e João Lemos.

Este é o seu primeiro livro publicado. Há perspectivas de novas obras?

Por gostar muito de escrever acredito que sim! Mas estou consciente de que exigirá denodado esforço. Penso muito em outras tantas histórias que precisam ser contadas ou recontadas, muitas de nossas Igrejas seculares que necessitam do resgate de suas histórias. A própria Paróquia em que exerço minhas atividades pastorais em Jacuípe; primeira igrejinha foi erigida em 1698 e dedicada a São Caetano. Logo que cheguei à cidade, li e pesquisei muita coisa interessante, mas quanto a escrever e publicar ainda não sei ao certo... O fato é que precisamos resgatar a história de fé do povo alagoano desde a colonização até nossos dias.

Serviço
Livro: Dom Antônio Brandão: Um Bandeirante nas Terras das Alagoas.
Ano de Publicação: 2010
Pedidos: Podem ser adquiridos com o próprio autor ou nas livrarias Paulinas.
Valor: 15,00.
 

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