Estilistas e confecções baianas se reúnem nesta segunda (30) e terça-feira (31) para apresentar suas coleções do Verão 2010 durante a primeira edição do Bahia Moda Design, em Salvador.
Voltado para lojistas, o evento espera movimentar cerca de R$ 1 milhão em negócios e tem o objetivo de fortalecer a imagem da Bahia no cenário fashion nacional. A programação inclui desfiles, salão de negócios, exposição de moda autoral local e workshops sobre perfil de consumidores e planejamento estratégico. Entre as marcas participantes estão Goya Lopes, Sélya Mascareñnas e Tecidos Moura, destaques da produção local.
Responsável pela organização do Bahia Moda Design, o empresário Claudio Silveira, 48, também assina a direção do Dragão Fashion Brasil, maior semana de moda do Nordeste, realizada anualmente no Ceará, e acaba de fechar uma parceria para um evento de moda no Recife. “Meu foco sempre foi a moda do Nordeste. Hoje, já temos um certo respeito nacional e internacional, especialmente na parte autoral, e iniciamos a busca por visibilidade comercial”, disse o "Paulo Borges do Nordeste" – referência ao idealizador do São Paulo Fashion Week e atual diretor criativo também do Fashion Rio e Rio Summer.
Claudio Silveira vê no trabalho artesanal o DNA da moda nordestina. “Você não tem isso em São Paulo, no Rio e no sul [do país]. Saindo da Bahia, passando por Aracaju, Ceará, você tem rechelier, renda de bilro, tem tanta coisa. É uma característica nordestina mesmo”, afirmou.
Para ele, a moda da região vai conseguir um lugar ao sol quando deixar de ser caricata. “Aquela que vende na feirinha, sem modelagem, o shortinho horroroso de crochê de que o turista gosta. Não tem algo diferenciado. É uma moda souvenir careta”, disse. Essa imagem, na sua opinião, é o que faz com que as criações locais sofram preconceito no resto do país.
A saída, acredita, é dar informação às artesãs, prepará-las para atender a indústria de forma mais moderna. “Por que aquelas barras de crochê no pano de prato que a tua mãe gosta não podem virar um punho de uma blusa de linho? Quero chegar com alguns estilistas, fazer uma pesquisa das coleções dos próximos seis meses, das cores e modelos que serão usados e jogar na mão delas. Não tem como ter erro”, disse. Por outro lado, também vê necessário estimular a vontade sustentável das grandes empresas, o que consequentemente geraria uma certeza de pedidos e rendimento dentro das comunidades.
Entre os talentos locais que sabem absorver bem este trabalho manual em suas criações, Silveira cita Lino Villaventura (CE), Melk Z-da (CE), Márcia Ganem (BA) e os jovens Vitorino Campos (BA) e a dupla da Mar Del Castro (CE).
Um sonho do empresário é ver as coleções destes e de outros estilistas do seu Dragão Fashion na loja norte-americana Urban Outfitters, que vende um mix de roupas, acessórios e objetos de design modernos garimpados em diversos cantos do mundo. Enquanto isso não acontece, planeja a criação da loja a Casa do Dragão em São Paulo e no Rio de Janeiro, totalmente voltada para o artesanato fashion brasileiro. “Não adianta, a questão da moda, da venda e da compra está lá. Tem milhões de pessoas nessas cidades que respeitam e adoram o artesanato nordestino e que viajam para cá nas férias. Esse é o meu foco.”
Confira esse vídeo do maior evento de moda íntima do Nordeste