A atriz Márcia Cabrita, de 46 anos, está com câncer de ovário. Recebeu o diagnóstico no mês de março, já começou o tratamento quimioterápico e continua em cartaz com a peça Tango, Bolero e Cha Cha Cha, no Teatro Clara Nunes, Rio de Janeiro. No Dia Mundial de Combate ao Câncer (8), tire suas dúvidas sobre a doença que acomete o órgão responsável pela produção dos gametas femininos (óvulos), seus sintomas e chances de cura.

De acordo com Instituto Nacional de Câncer (Inca), é o tumor ginecológico mais difícil de ser detectado. Isso porque costuma evoluir sem sintomas. "3/4 dos cânceres desse órgão são diagnosticados em estágio avançado", disse Sérgio Mancini Nicolau, professor de ginecologia oncológica da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp). A possibilidade de cura está vinculada ao momento da detecção do câncer. Quanto mais tardio, menor é. "Com diagnóstico precoce, a possibilidade é de mais de 90% e cai para 30% a 20% em quadros muito avançados."

O principal fator de risco é o familiar, porém o câncer hereditário equivale a apenas cerca de 5% dos casos, segundo o médico. Outro detalhe importante é o ciclo ovulatório frequente. "Quem não ovula (grávidas, mulheres em período de amamentação e usuária de pílula anticoncepcional) permite que o ovário repouse e tem chance menor de desenvolver a doença. Isso não significa que se deve recomendar pílula a todas, já que outros fatores devem ser avaliados para sua indicação." A obesidade também pode estar relacionada à patologia.

A incidência começa a aumentar a partir dos 40 anos e o seu pico é por volta dos 60. Quem tem cisto no ovário deve manter a calma, porque não consiste necessariamente em um sinal do problema. "É preciso analisar as características do cisto. Se tiver parte sólida, o risco é maior."

Diagnóstico e tratamento
O diagnóstico normalmente é realizado após queixas da mulher, como aumento do volume abdominal, dor e problemas gástricos (azia, por exemplo), presentes na fase avançada. Depois do exame clínico, é realizado o ultrassom. "Até agora, nenhum estudo mostrou relação custo-benefício de se fazer ultrassom em todas as mulheres com mais de 50 anos para diagnóstico precoce. Também não se estabeleceu essa relação no marcador tumoral, que são substâncias detectadas no exame de sangue que aumentariam na presença da doença."

Quando há imagens suspeitas, o tratamento principal e primordial é o cirúrgico, que deve retirar o máximo possível do tumor, sem deixar resíduos maiores de 1 cm de diâmetro. Caso isso não seja possível, a quimioterapia que viria após a intervenção é feita antes dela.

Pacientes jovens com doença inicial podem lançar mão de procedimentos conservadores, com a remoção de apenas um ovário e trompa. Assim, não são impedidas de engravidar.