A voz fica rouca depois de algumas horas cantando, e a simples tarefa de andar em linha reta se tornou um desafio. Já faz pouco mais de três meses que Dinho Ouro Preto recebeu alta, depois de cair do palco em Patos de Minas, no triângulo mineiro, onde o Capital Inicial se apresentava em 31 de outubro do ano passado. Mas a recuperação lenta surpreende até o cantor:

— Quando eu reconquisto um pequeno movimento, me dá uma sensação de felicidade, mas ao mesmo tempo a demora é frustrante. O corpo perde a força.

Depois do traumatismo craniano e das fraturas em cinco vértebras — que lhe renderam um mês de internação —, Dinho encarou a gravação do novo CD da banda (o nome do disco está sendo guardado a sete chaves).

Além das sessões diárias de fisioterapia, o vocalista contou, pela primeira vez, com a assistência de uma fonoaudióloga, para se readaptar à rotina de artista. Os companheiros de banda também fizeram sua parte, vigiando o cantor para ele poupar as cordas vocais.

— Você não tem ideia do quanto eu queria voltar a cantar! Tinha 12 anos que não parava por tanto tempo. Antes do acidente eu gravava um disco em quatro, cinco dias. Agora fizemos uma música por dia — conta.

Ter mais paciência, aliás, foi uma das lições que Dinho diz ter aprendido:

— Fiquei à mercê dos outros. As lesões emocionais são mais demoradas do que as físicas.

Nervosismo no palco

Com o lançamento do álbum do Capital Inicial previsto para o fim de abril, Dinho está próximo de encarar a plateia novamente. Em meio à ansiedade de reencontrar seus fãs, é a apreensão de voltar aos palcos que tem dominado o cantor.

Há duas semanas, na gravação do programa “Sarau” da Globo News, em homenagem a Renato Russo, o brasiliense não escondeu sua insegurança. Na primeira apresentação após o acidente, ao lado do amigo Dado Villa-Lobos, ele confidenciou à equipe que temia não conseguir cantar e tocar muitas músicas.

No fim das contas, Dinho comemorou o sucesso do retorno. Pode ser esse o encerramento da maré de azar que rondou o cantor:

— Caí do palco no Dia das Bruxas e fui infectado por uma bactéria que me levou à UTI numa sexta-feira 13. Mesmo assim, tive muita sorte. Estou de volta!