As pessoas que freqüentavam o Fórum José Gerônimo Albuquerque em Atalaia na manhã de ontem presenciaram uma grande confusão quando viram o promotor do município Sóstenes de Araújo sacar uma arma e pedir a prisão do jovem Evandro da Silva Belo, 21 anos.
Tudo começou quando o promotor chegou ao local e percebeu que Evandro, que é enteado do juiz Alfredo Mesquita, tinha estacionado seu veículo de forma a tomar as duas vagas no estacionamento, tanto a do magistrado como a do promotor, que são vizinhas.
O promotor teria iniciado uma discussão forte com o jovem que também respondeu,de acordo com uma testemunha ouvida pelo Cadaminuto não chegou a haver agressões físicas mas no auge da briga o promotor sacou a arma e deu voz de prisão ao jovem solicitando que a polícia o encaminhasse para a delegacia.
Ao chegar a delegacia o juiz Alfredo Mesquita foi chamado e nova discussão aconteceu, um policial presente no momento confessou que a briga foi intensa e que houve sim ameaças de parte a parte."A denúncia contra o jovem é de agressão ao promotor" explicou o policial que não quis se identificar
O Cadaminuto não conseguiu ouvir o promotor nem o juiz sobre o caso mas os funcionários do fórum de Atalaia dizem que estão assustados com o que pode acontecer hoje.
Magistrado diz que promotor é um doente incurável
A reportagem do CadaMinuto conversou com o Juiz Alfredo Mesquita, titular do Fórum José Gerônimo Albuquerque, em Atalaia O magistrado disse que promotor é um doente incurável. Segundo Alfredo Mesquita, não existia nenhuma razão para que o promotor Sóstenes de Araújo sacasse uma arma e apontasse para o enteado do juiz, Evandro da Silva Belo, 21 anos.
“Estava no meu gabinete quando ouvi a gritaria e Evandro batendo na janela informando que o promotor estava com uma arma apontada para ele”, explicou Mesquita.
O juiz afirmou que o promotor está passando por vários problemas graves de saúde. “O promotor é um doente incurável, ele passa por vários problemas gravíssimo nos rins”. Ainda de acordo com o magistrado, uma representação será entregue na próxima sexta-feira (12) à Corregedoria de Justiça de Alagoas para apurar o caso.
“Já estou terminando e sexta-feira enviando todo procedimento para ser apurado e tomado as providências o mais rápido possível”. Ele também afirmou que não é a primeira vez que Sóstenes de Araújo age dessa forma agressiva.
Enteado fala sobre o caso
Evandro da Silva Belo, disse que o promotor usou palavras de baixo calão, mandando Sóstenes falar baixo e respeitar. “Quando mandei falar baixo, disse que eu estava preso, por desacatá-lo. Falei que ele não poderia me prender então sacou um revolver apontando para minha cabeça, sai correndo para pedir socorro”, relatou o jovem.
Segundo Evandro, o ex-vereador Manoel Barros passou mal, porque presenciou a cena. “A minha sorte porque Manoel gritou, não faça isso promotor. O vereador Mauricio Tenório também viu todo”, enfatizou.
Evandro ao se dirigir para a delegacia, Sóstanes já estava conversando com o delegado. “O delegado disse o seguinte para mim, você está preso por ordens do promotor, não cheguei a ser preso por conta do meu pai”. O jovem tinha ido até a delegacia formular uma queixa contra o promotor apedido do juiz Alfredo Mesquita.
Também relembrou outros episódios parecidos como esse. “O promotor já apontou arma para o juiz Jário Xavier de São Sebastião e espancou uma criança de oitos anos, na cidade de Boca da Mata”.
O caso
Uma brincadeira entre crianças, com bolinhas de papel, teria sido o motivo para que o promotor de Justiça Sóstenes Araújo Gaia, da comarca de Atalaia, agredisse uma criança de dez anos, em Boca da Mata, em Junho de 2007. As informações são da mãe da criança, C.T.L., que denunciou o caso à Ordem dos Advogados do Brasil, seccional Alagoas.
De acordo com a mãe da criança, o filho dela e a filha do promotor estavam na Escola Cenecista Doutor João Evangelista Tenório, em Boca da Mata. Ela contou que, no dia 24 de maio, algumas crianças brincavam com bolinhas de papel dentro da sala de aula, e uma das bolinhas, que não havia sido jogada pelo filho dela, atingiu a filha do promotor.
Ainda de acordo com a mãe da criança, após uma semana - no dia 1º de junho -, o promotor foi ao colégio, juntamente com sua filha, e pediu para que ela mostrasse o menino que havia jogado a bolinha de papel.
A menina apontou para seu filho. “Depois que a menina apontou para o meu filho, que estava em frente à sala de aula, o promotor rodopiou meu filho, segurando-o pela camisa”, disse. “Em seguida, ele [o promotor] arrastou meu filho pelo corredor e escadarias da escola, levando-o até à diretoria”.
Uma das coisas que irritou a mãe do garoto foi o fato de o diretor da escola, identificado apenas como Valter, não ter informado à família sobre a agressão.
Defesa
O promotor de Justiça, Sóstenes Araújo, contou que nunca chegou a agredir a criança. Ele diz que, a filha dele, também de dez anos, teve um hematoma no rosto por conta da brincadeira do menino, foi agredida no dia seguinte e ainda uma terceira agressão.
Por isso, ele foi ao colégio e, quando encontrou com o menino, levou-o a diretoria para pedir a punição dele. "Peguei ele pelo braço e levei-o na coordenação. Depois disso, foi resolvido que ele iria ficar suspenso, mas acho que a mãe não gostou muito", disse, referindo-se a mãe do menino supostamente agredido.
"Eu ía tirar minhas filhas do colégio, mas agora vou esperar até o meio do ano, para que elas não sejam prejudicadas", continuou o promotor.
Sóstenes Araújo ainda falou que está elaborando um requerimento para enviá-lo a Corregedoria Geral de Justiça, que deverá apurar os fatos. "Também estou dando entrada a uma ação criminal para o presidente do Conselho de Boca da Mata apurar os fatos e até me representar na Corregedoria".
Essas informações foram divulgadas no site do Ministério Público de Alagoas, em 05 de junho de 2007.