Apesar do predomínio de trabalhadoras menos escolarizadas entre as empregadas domésticas, a participação daquelas com ensino médio completo ou superior incompleto fica próxima de 15% em Recife e Porto Alegre, de 17% em Fortaleza e Belo Horizonte e ultrapassa 20% em São Paulo, Salvador e Distrito Federal.

Os números referentes ao ano passado constam em uma pesquisa do Dieese (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos) e da Fundação Seade divulgada nesta quinta-feira sobre as características do trabalho doméstico remunerado.

Além de apontar a melhora do nível de escolaridade da população, o dado indica, segundo as entidades, uma importante diferenciação entre as ocupações exercidas nos chamados serviços domésticos. A tendência é de expansão da participação de ocupações que são exercidas por pessoas com maior grau de instrução, como babás e acompanhantes de idosos.

A pesquisa engloba também cozinheiras, governantas, lavadeiras, vigias, motoristas, jardineiros e caseiros, entre outros.

A pesquisa detectou ainda a proporção de famílias chefiadas por mulheres, variando entre 27,2% no Distrito Federal e 35,3% em Porto Alegre.

A maior parte das empregadas exerceu o trabalho como mensalista, representando proporções acima de 67% em todas as regiões metropolitanas analisadas -- as diaristas possuem uma situação mais instável e precária já que não têm direito a férias e não recebem se ficarem doentes.

Tempo

O tempo médio de permanência no emprego foi alto em todas as regiões pesquisadas. O menor período (3 anos e 11 meses) foi encontrado em Fortaleza e o maior, em Belo Horizonte (5 anos e 4 meses).

As maiores jornadas foram verificadas nas regiões metropolitanas do Nordeste, com 54 horas semanais em média, em Recife, 50 horas semanais, em Fortaleza, e 45 horas, em Salvador.

O valor por hora médio obtido pelas diaristas chegou a ser 47,2% maior do que o das mensalistas no ano passado em Fortaleza e 38,3% superior no Distrito Federal. A análise, no entanto, desconsidera outros benefícios que as mensalistas com carteira assinada podem ter, como descanso semanal remunerado, férias e 13º terceiro salário.