Margareth Menezes faz parte da folia do Carnaval de Salvador desde que a festa se profissionalizou e atraiu foliões de todo o Brasil. Apesar de ser um dos destaques do evento, ela não deixa de usar seu vozeirão para criticar o forte apelo financeiro e valorização do dinheiro na folia. Quem não tem grana, pula do lado de fora da corda.
Depois de enveredar pela MPB, Margareth volta às raízes afro-brasileiras em sua música de Carnaval: Saudação ao Caboclo (Selei), escrita por Gilson Quirino. De forte pegada percussiva, é praticamente impossível ouvir a canção sem mexer o corpo. De Salvador, onde faz os últimos preparativos para a festa, ela conversou com o R7. Confira o bate-papo:
R7 – Como será seu Carnaval? Vai desfilar quantos dias? Em quais circuitos?
Margareth Menezes – O Carnaval será focado no movimento AfroPopBrasileiro, e será uma homenagem aos 60 anos do trio elétrico e à África. Teremos convidados e amigos cantando comigo. O trio AfroPop sairá sem cordas [livre para quem não tem dinheiro e quer pular o Carnaval mesmo assim], em três dias, no domingo [14], na segunda [15] e na terça [16], no circuito Barra-Ondina.
R7 – Há quantos anos você desfila no Carnaval de Salvador? Ele melhorou em quê? E em que o do passado era melhor?
Margareth – Há 20 anos pelo menos. O Carnaval cresceu e ficou praticamente privado. Atende a interesses particulares, muito mais do que ao povo que fica na rua do lado de fora das cordas. Se o Carnaval de Salvador algum dia se tornar Indoor [realizado em lugar fechado com cobrança de entrada], eu realmente não estranharei nem um pouquinho.
R7 – O que você mais ama e o que mais odeia no Carnaval de Salvador?
Margareth – Eu gosto de cantar para o povo da cidade que muitas vezes não tem oportunidade de pagar para nos ver e tem essa chance durante o Carnaval. Não gosto de quem sai de casa para brigar na rua. Também reprovo o jeito que a coisa é administrada, nem todo mundo tem dinheiro para pagar e sair mais cedo na fila, que é a ordem de apresentação dos blocos. Infelizmente, isso ainda existe.
R7 – Qual será sua música neste Carnaval?
Margareth – Será Saudação ao Caboclo (Selei), de Gilson Quirino. O povo está gostando.
R7 – Você ficará só no Carnaval de Salvador?
Margareth – Não, neste ano vou cantar no Galo da Madrugada em Recife e também vou cantar em Brasília durante o Carnaval.
R7 – Como será seu figurino?
Margareth – O figurino será baseado na estética afro-baiana, nessa ligação entre a cultura da África e o Brasil.
R7 – Você se enveredou pela MPB nos últimos tempos, vai se distanciar do axé?
Margareth – Graças a Deus eu tenho essa maneira de me relacionar com a música. Adoro experimentar. Depois do Carnaval, estarei lançando meu DVD, que foi gravado aqui em Salvador e está bem interessante. O repertório tem desde Qual É de Marcelo D2 a músicas dançantes como "Saudação ao Caboclo". Essa é a minha praia: a mistura. Meu canto não tem fronteira, meu próximo projeto é...segredo! [risos]