Em 20 anos de carreira, Sandra Bullock nunca recebeu tanto reconhecimento. Estrela de três filmes só neste ano - “Maluca paixão”, “A proposta” e “The blind side” -, a atriz de 45 anos recebeu duas indicações ao próximo Globo de Ouro e, se depender das apostas da crítica americana, ainda pode concorrer a seu primeiro Oscar em 2010.
Apesar da boa fase, Bullock confessou a jornalistas em entrevista em Los Angeles da qual o G1 participou que nunca está satisfeita. "Não acredito ter feito o meu melhor trabalho. Às vezes, acho que nunca serei uma boa atriz e que estarei sempre tentando aperfeiçoar o meu desempenho."
Leia a seguir trechos da conversa com a atriz durante a divulgação do filme "The blind side", história real de uma mulher forte e determinada que adota um jovem negro pobre acreditando em seu potencial de se tornar um grande jogador de futebol americano.
G1 - No início, você não queria fazer o filme. O que a fez mudar de ideia?
Sandra Bullock - Eu li o roteiro, mas não sabia como lidar com esta personagem. Nunca havia encontrado, conhecido ou visto qualquer pessoa com quem eu a pudesse comparar. É uma historia interessante, mas eu disse que eu não era a pessoa que poderia intrerpretá-la. Mas eles insistiram e o diretor ainda não conseguia explicá-la. Pensei que ele estava me escondendo alguma informação. Foi quando ele disse: você tem que ir conhecer esta mulher. Eu fui para Memphis e conheci Leigh Anne Tuohy e, desde aquele momento, entendi por que ele não podia defini-la: não há ninguém como ela. No momento em que entra em sua casa, você fica com medo dela, mas por motivos certos. Ela é uma supermãe, protetora e extremamente determinada. Foi quando pensei: bem, vamos lá enfrentar o desafio.
G1- Você se indentificou com o lado forte dela?
Bullock - Eu achava que era forte até o momento em que a conheci. Ela chegou até a me assustar. Um dia, enquanto dirigíamos, ela foi pegar sua luva, que estava dentro do porta-luvas, e ao tirá-la derrubou uma pequena arma no chão do carro. Eu olhei e pensei: meus Deus, ela está armada! (risos). E olha que eu não tenho problemas com armas, somente não esperava uma saindo de uma elegante luva Prada (risos). Ela tem uma maneira de encarar a vida que é muito diferente da minha, e eu adoro este seu jeito porque ela consegue realizar muito daquilo que gostaria. Eu também consigo, mas ela o faz com uma força e determinação incríveis. Ela não tem medos e tem um nível de energia que penso que eu jamais poderia ter. Eu sou do tipo que fala muito, ela é daquelas que age.
G1 - Ela é uma mãe superprotetora, e você?
Bullock - Totalmente! Nem venha se meter com minha família que eu simplesmente te corto! Não, brincadeirinha (risos)! Mas, sim, sou totalmente protetora. Acho que hoje em dia as famílias não tomam mais conta umas das outras da maneira como deveriam. A coisa mais importante na minha vida é a minha família, e isso inclui também alguns amigos que tenho. Eles vêm antes de qualquer outra coisa. Eu amo este lado dela, é o que nós temos muito em comum. Não acho que exista algo que ela não faça por sua família, e não tem nada que eu não faria pela minha.
G1- Voce tem alguém na sua vida, assim como a personagem de \'The blind side\', para te proteger?
Bullock - Eu tenho um pequeno grupo de pessoas, entre família e amigos. Faço o que faço na minha vida, e às vezes de uma maneira tão inconsequente, porque sei que estas pessoas estão lá presentes, que posso contar com elas e que me dão esta proteção. Elas são firmes ao proteger minha privacidade e as coisas que amo, do mesmo modo que eu sou em relação a delas. Somos muito diferentes, mas temos o mesmo estilo de viver a vida. Há uma grande confiança entre nós e você pode ser inconsequente na sua ambição, nas suas alegrias e nas suas paixões, porque sabe que independentemente do que acontecer, elas estão lá te apoiando e torcendo por você. Não me sinto derrotada mesmo quando as pessoas acham que eu tenha falhado. E nem penso nisso porque quando chego em casa, sou rodeada de uma energia superpositiva e me sinto muito amada. E é claro que o Jesse [James, marido dela] é muito importante, porque ele é aquele com quem acordo e com quem vou dormir, é aquele que luta por mim mais do que eu luto por mim mesma.
G1 - Quais são suas paixões na vida?
Bullock - Bem, há tantos tipos de paixão, mas eu sempre amei arquitetura e restauração de prédios e casas antigas. É a nossa historia. Essa é minha grande paixão, restaurar o que um mestre fez tão lindamente anos atrás. Eu gostaria de ter sido arquiteta. Mas sou apaixonada também por várias coisas - desde o simples fato de acordar todas as manhãs à minha primeira xícara de café. E minhas paixões mudam a cada ano, o que enlouquece aqueles que me amam (risos), mas é assim que eu sou. Sabe, são tantas as coisas que temos para apreciar, estando num país tão privilegiado como o nosso, que temos mais é que acordar e dar conta de quanta sorte temos. E é o que faço.
G1 - Você não citou sua paixão por atuação. Como está o seu relacionamento com a arte de atuar?
Bullock - Boa pergunta. Eu fui criada em uma casa em que sempre havia eventos de artes com atores, músicos e dançarinos. Então atuar não era uma ambição, era algo que estava sempre presente como parte da minha educação e de quem eu sou. É uma relação de amor e ódio, com certeza, porque não acredito ter feito o meu melhor trabalho. Às vezes, acho que nunca serei uma boa atriz e que estarei sempre tentando aperfeiçoar o meu desempenho, e por isso tenho uma paixão por desafiar a mim mesma. Nao sei te dizer como está esse meu relacionamento, somente sei que será algo que provavelmente sempre farei por nunca o ter feito perfeitamente.