m mês após a imensa confusão em que se envolveu na Universidade Bandeirantes de São Paulo (Uniban) por usar um vestido curto, a estudante Geisy Vila Nova Arruda, 20 anos, vive como uma artista. Tem agenda cheia com emissoras de televisão de vários estados, mas o seu poder de mobilizar a multidão ainda carrega um revés: ela continua a ser hostilizada nas ruas de São Paulo.

Na segunda-feira passada, Geisy foi ao Rio de Janeiro gravar uma participação no programa Casseta & Planeta, da TV Globo. No aeroporto, foi xingada, conforme relata um de seus advogados, Vitor Kim. “Muita gente ainda se incomoda com as minhas roupas curtas”, ressalta a moça.

Na quarta-feira, uma equipe de reportagem convidou a estudante para dar uma volta na Rua Oscar Freire, uma das mais tradicionais de São Paulo. Geisy aceitou, mas o advogado Nehemias Domingos de Melo desaconselhou. Segundo ele, muita gente pensa que a aquela reação violenta é restrita aos estudantes da Uniban. Não é verdade, ele argumenta. Quando sai pelas ruas, teme reações negativas. “A gente só permite que ela saia acompanhada de segurança”, ressaltou Nehemias.

Celebridade polêmica, a estudante não anda mais de ônibus. Como não tem dinheiro para pegar táxi, ela depende da caridade alheia. Uma corrida da sua casa até o escritório dos seus advogados, por exemplo, sai R$ 80. “O meu cabeleireiro pagou uma vez. Mas, na maioria das vezes, meus advogados pagam e pego carona nos carros de reportagem”, conta.

Já na última quinta-feira, Geisy aceitou passear com uma equipe de reportagem pelo centro de São Paulo. Caminhou 200 metros da Praça João Mendes até o Largo da Sé no horário do almoço, quando o perímetro está abarrotado de gente apressada. Atravessou faixa de pedestres de ruas movimentadas, incendiou a massa masculina e despertou ódio em mulheres. “Não estou nem aí”, disse, rindo.