O Grande desafio da educação é criar um fluxo de diálogos na busca das muitas consciências sociais

18/11/2009 18:56 - Raízes da África
Por Arísia Barros

O racismo no Brasil é camaleão. A educação brasileira não o é, faz décadas impõe a mesma pedagogia conteudista para muitas gerações. A princesa ainda é a branca e Bela Adormecida. O negro fugido e escravizado pelos estereótipos é o Saci-pererê. Estigmas! O racismo no Brasil veste inúmeras roupagens. É racismo dissimulado que põe o discriminado em foco para impingir-lhe a “culpa” por ser a vítima ,alimentando a negação étnica de povos.
Educar é promover rupturas com o bolor dos estigmas sociais. Romper com o círculo vicioso da homogeneidade pedagógica. Ruptura com a esclerosada cartilha do conhecimento tacanho de emendar palavras umas nas outras, decifrá-las e descobrir que na matemática existem “só” quatro operações. O grande desafio da educação é permitir a sinalização de caminhos, criar um fluxo de diálogos na busca das muitas consciências sociais.
A tarefa da aplicabilidade da lei federal nº10. 639/03 e Lei estadual nº 6.814/07 - que cria a obrigatoriedade do estudo da África e dos afro descendentes e o estudo das relações inter-raciais no currículo da educação básica é árdua,pois,ainda, é vista como um símbolo reverso da historicidade homogênea, colonizadora e branca que tanto bem faz a alma do nosso povo “mestiço” .
Promover a inserção da lei é um desafio que não se esgota na sala de aula, exige a participação política dos governantes. Exige a criação de modelos estratégicos que resgate um débito histórico com um povo, que há séculos vem sendo marginalizado e aprisionado nos bastidores da história. E dos hospitais. E das escolas. Somos 50% da população brasileira. Somos negros e pobres. Somos pobres, não só pela situação econômica. Somos pobres, porque somos excluídos social e politicamente. A exclusão paralisa a mobilidade social. A imobilidade é o oxítono do nada. È a diáspora negra!
Em Alagoas, na questão do analfabetismo, 47% das crianças são negras, 27% pardas. O analfabetismo étnico, no estado alagoano, assume índices tão alarmantes que é preciso alicerçar um modelo de co-participação do poder público, iniciativa privada, sindicatos, academias na busca da consolidação de políticas públicas efetivas que permitam não só o acesso social de negros/negras e pobres,como das classes marginalizadas. O discurso homogêneo, consequentemente, unilateral tem se mostrado refratário a afirmação da presença negra, inviabilizando-a. !
Não existe liberdade com desigualdade!

 

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