Uma Missa em Nome da Paz pelo respeito à liberdade de crenças e as diferenças humanas

10/11/2009 19:32 - Raízes da África
Por Arísia Barros

Os jovens negros morrem duas vezes mais de homicídio do que os brancos. O índice de homicídio de 1995 para cá aumentou 46,3% e, atualmente, 54,4% dos assassinatos vitimam jovens pretos e pardos. Em comparação com a mulheres brancas, as negras são vítimas bem mais freqüentes de assassinato, doenças do fígado e complicação na gravidez. Mulheres e negros encontram mais dificuldade para ocupar postos de trabalho, sejam eles formais ou informais. Entre as crianças negras de 10 a 14 anos o analfabetismo chega a 5,5%. Para crianças brancas da mesma idade, esse número cai para 1,8%.
Dos homens com mais de 10 anos, 10,8% são analfabetos. O número de mulheres com a mesma idade e na mesma situação é 10,2%. Noventa por cento da população que pratica a religião afro-brasileira é analfabeta.
No estado de Alagoas 9,1 da população declarada branca tem acesso à educação e só a 1,8 da população negra é permitido esse acesso.A exclusão étnica gera a ausência de oportunidades; veste a capa da pobreza, empurrando essa população para os grotões da escassez das políticas públicas que, por sua vez, é geradora da pobreza marginal, rimando com miséria que grita pela violência ecoando na sociedade.Por ter um número crítico/extremado de desigualdade em relação à população negra, Alagoas em recente pesquisa foi designado, numa associação racista, como “A Pequena África”.
A miscigenação misturou as raças e esqueceu de dividir direitos e riquezas. No próximo dia 26, às 18 horas, na Catedral Metropolitana, o arcebispo de Maceió, Dom Antonio Muniz, celebra “Uma Missa em Nome da Paz pelo Respeito a Liberdade de Crenças e as Diferenças Humanas”. A Missa da Paz é um fórum permanente, no mês da Consciência Negra, para conscientizar e motivar campanhas pela valorização da vida humana em busca da paz.
Essa é a hora para que cada alagoano/alagoana participe na construção da voz coletiva para pôr fim à política isolacionista e tornar-se co-parceiro/protagonista na ação coletiva do fazer o social participativo e responsável. É preciso que investiguemos nossas possibilidades: em que posso contribuir. Não dá mais para ocultar nossos olhos sob as lentes da imparcialidade. Quando a nossa imparcialidade torna-se omissão a violência que eclode é reflexo.
Precisamos de muitas/muitos embaixadores da paz. Precisamos especialmente de você! Participe! Divulgue essa idéia, coloque-a em circulação e mobilize mais gente para investir na construção de uma rede de diferentes pessoas em nome da paz entre povos.
Precisamos da participação efetiva e eficaz dos ministérios público estadual/federal, das associações de bairro, dos sindicatos, dos organismos governamentais e não-governamentais, da iniciativa privada e tantos e muitos. A redução da desigualdade apresenta-se como prioridade para constituirmos uma sociedade democrática, livre, economicamente eficiente e socialmente justa, sem violência. Vamos lá. Mobilize!Participe!

Escrevi esse texto acima faz quase 365 dias, mas como no contexto social a violência não arrefeceu, o texto continua atual.

 

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