Sylvester Stallone tem em grande conta o filme Fuga para a Vitória, no qual trabalhou como ator para o diretor John Huston. Foi em 1981, e agora, quase três décadas depois, ele relembra a produção num encontro com a imprensa no Festival de Veneza. "É um dos filmes prediletos da minha carreira; além de Huston, lá estavam (o ator) Michael Caine e grandes feras do futebol; mas o que mais me marcou foi que Pelé, ao cobrar um pênalti, lançou a bola e acabou quebrando meu dedo", disse o ator e diretor de forma bem-humorada, mostrando o dedo vitimado.
O intérprete de personagens típicos do imaginário de heroísmo dos anos 80 como Rambo e Rocky Balboa está no Lido para receber o prêmio Glória para o Cineasta, título de um filme do diretor japonês Takeshi Kitano. Este foi um dos três realizadores já laureados com a premiação, além do iraniano Abbas Kiarostami e a belga, radicada na França, Agnès Varda. Também trouxe na mala a versão original de Rambo, a chamada "director´s cut", que será apresentada hoje às 23h no horário local.
O diretor do festival Marco Müller abriu o encontro explicando que o reconhecimento não tem a intenção definida de premiar nomes autorais ou comerciais, mas aqueles que de alguma maneira são marcantes na história do cinema. São realizadores que se impõem também pela atividade consecutiva. Stallone, como foi possível comprovar pelas perguntas durante a coletiva, continua a trabalhar e muito. Acabou de dirigir (e atuar) em The Expendables, projeto de cunho pessoal, que inclui cenas rodadas no Rio de Janeiro e arredores, além de reunir um elenco de companheiros da ação como Arnold Schwarzenegger, Bruce Willis, Jet Li, Dolph Lundgren e Jason Stathan. Também participam Mickey Rourke e a brasileira Giselle Itié. "Adorei trabalhar no Brasil, país que gosto muito; encontrei grandes colaboradores ali e o clima simpático, de como os brasileiros nos acolheram, foi muito especial."
Stallone também está envolvido com a sequência número cinco da franquia Rambo, que deve contar também com a presença de Rourke. O ator é protagonista de O Lutador, filme vencedor do Leão de Ouro de Veneza do ano passado, sobre um boxeador decadente e alcoólatra que vive suas últimas oportunidades no ringue. "Acho que é um filme que tem um grande paralelismo com minha trajetória pessoal e como Rocky Balboa", afirmou. "É um cara que encontra o lado escuro da vida, mas ainda tem forças como eu para lutar; enquanto conseguir dinheiro, o que não é fácil em Hollywood hoje, vou continuar no cinema."