Ninguém é capaz, ainda, de afirmar o que acontecerá à McLaren dia 29, quando seu diretor Martin Whitmarsh e o piloto Lewis Hamilton terão de explicar ao Conselho Mundial da FIA, em Paris, por qual razão mentiram aos comissários desportivos do GP da Austrália, depois da prova. Mas já existe uma tendência de a equipe ser suspensa por duas corridas.

Em entrevista ao Daily Express, Bernie Ecclestone, promotor da Fórmula 1, afirmou: "Seria terrível se algum time fosse suspenso, mas isso pode acontecer." E o dirigente tem força. No julgamento da mesma McLaren, ano passado, por espionar a Ferrari, foi Ecclestone quem se impôs no Conselho Mundial e mudou o banimento da equipe do restante da temporada, como havia decidido Max Mosley, presidente da FIA.

Ecclestone falou a respeito de a McLaren ser julgada novamente por algo grave, a exemplo do fim de 2007, pelo escândalo de espionagem. Os desenhos do carro da Ferrari foram encontrados pela polícia inglesa na casa de Mike Coughlan, o projetista-chefe da McLaren. "Nunca é bom retornar ao tribunal tão pouco tempo depois de ter passado lá por algo similar."

Ainda que a punição seja desconhecida, a suspensão por dois GPs mais multa já foi usada na Fórmula 1. Em 2005, a BAR-Honda foi suspensa das provas de Espanha e Mônaco por utilizar tanque de combustível fora do regulamento para ter o carro mais leve na pista. Em 1994, Michael Schumacher atendeu a orientação de Flavio Briatore, na Benetton, para não cumprir um stop and go definido pela direção de prova, por desrespeitar o procedimento da largada, e acabou desclassificado do GP da Grã-Bretanha, além de ser suspenso das duas etapas seguintes, Mônaco e Espanha.

Acusações graves e desempenho que em nada lembra a escuderia que disputou o título e venceu ano passado. Esse o retrato da McLaren hoje, oitava entre os construtores, com um ponto. E sua situação no campeonato tende a piorar ainda mais com a iminente punição que lhe será imposta pelo Conselho Mundial da FIA.

A atual edição do Mundial é a de número 60 e já entrou para a história também por problemas de acusações de desrespeito ao regulamento nas duas primeiras etapas. Terça-feira os carros da Brawn GP, vencedora nas corridas em Melbourne e Sepang, Toyota e Williams serão julgados pelo Tribunal de Apelações da FIA. O protesto é da Ferrari, Renault e Red Bull.

Kimi Raikkonen, da Ferrari, afirmou que a decisão do julgamento do apelo terá grande impacto na sequência da disputa. É bem provável que alguns times já tenham pronta a versão da Brawn do assoalho e do difusor. Aguardam apenas a decisão do tribunal. Se confirmar a legalidade, o mais provável, Ferrari, McLaren, BMW e Renault podem ter já no GP da China, dia 19 algo similar em seus carros