O craque que leva o Rio Grande do Sul até no nome reencontrará os torcedores de seu estado de nascimento nesta quarta-feira, quando o Brasil recebe o Peru no Beira-Rio pelas eliminatórias para a Copa do Mundo . Uma das grandes curiosidades da partida é a reação dos torcedores com a presença de Ronaldinho Gaúcho. Formado no Grêmio , o atual atleta do Milan divide opiniões entre os tricolores desde sua saída do clube. É uma relação de amor e ódio. Com os colorados, a natural rivalidade ganhou impulso no dia 17 de dezembro de 2006, quando o Inter bateu o Barcelona, então defendido por Ronaldinho, na decisão do Mundial de Clubes.

O jogador era apontado como dono de um talento especial desde criança, quando batia bola no Olímpico enquanto seu irmão, Assis, treinava com os profissionais do Grêmio. O craque foi revelado em 1999, quando entortou o agora técnico da seleção brasileira, Dunga, no Gre-Nal decisivo do Campeonato Gaúcho. No mesmo ano, foi convocado por Vanderlei Luxemburgo para a Copa América. Em 2000, após a diretoria tricolor recusar duas propostas pelo jogador, ele saiu brigado, à revelia do clube, para defender o Paris Saint-Germain, da França. Na época, o Grêmio não lucrou um centavo sequer com a negociação. A situação irritou boa parte da torcida, que passou a apontar o atleta como traidor.

A rusga diminuiu com o tempo, mas não foi eliminada. A torcedora Amanda Curto, 25 anos, gremista, estará no Beira-Rio no jogo de quarta-feira. E não duvida que o atleta receberá algumas vaias.

- Existe um pouco de decepção com ele, ainda mais agora, que não está em um bom momento. Acho que vai ter vaia, sim, porque não saiu do Grêmio em uma situação legal. Pelo que conheço da torcida, a maioria pensa assim a respeito dele - disse a torcedora.

A opinião, claro, não é unânime. Alguns gaúchos pensam que a reação da torcida com a presença do atleta terá muito mais relação com o momento dele do que com o passado.

- A recepção a ele no jogo vai ser um pouco dividida. O ser humano tem o poder de perdoar, mas o jogador tem que estar por cima, em um bom momento - comentou o também gremista Diego Müller, 31 anos.

Entre os colorados, o contato com o jogador deve ser em tom de ironia. Será a chance perfeita para os torcedores do Inter o provocarem depois da final do Mundial de 2006, em Yokohama.

- Minha vontade é levar uma foto gigante do Ceará e outra do Gabiru para dar de presente para ele - brincou o colorado Alexandre Heinich Mota, 23 anos, em referência ao jogador que marcou Ronaldinho no Japão e ao autor do gol do título mundial.

Ronaldinho Gaúcho sabe que não é unanimidade no Rio Grande do Sul, mas ele diz que nunca teve dificuldades no estádio colorado.

- Já joguei algumas vezes no Beira-Rio desde que saí do Grêmio e não tive problemas. E posso dizer que será uma alegria muito grande voltar lá para jogar pela seleção brasileira - afirmou.

A última passagem de Ronaldinho Gaúcho pelo Beira-Rio foi em 2005, quando a seleção brasileira goleou o Paraguai por 4 a 1, pelas Eliminatórias para a Copa da Alemanha.