Professora diz que foi agredida por aluno a mando de diretora

24/10/2010 04:32 - Educação
Por Redação
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A professora Rose Mary de Araújo, que ministra a disciplina de Religião na Escola Virgínio de Campos, no bairro da Pajuçara entrou em contato com o Cadaminuto para denunciar um suposto caso de assédio moral e homofobia, cometido pela diretora da unidade de ensino, Ana Lúcia Azevedo, em agosto deste ano. Rose Mary relatou que acabou sendo afastada do cargo, após convocar uma assembleia, motivada pelo comportamento de um aluno do 8° ano, que levou para a sala de aula a enciclopédia “Amor e sexo’.

Segundo a professora, o aluno foi encaminhado para o corpo técnico da escola e o livro recolhido. No entanto, conforme o vídeo enviado por ela, ele impediu sua passagem depois que a aula terminou e acabou agindo de forma agressiva. Rose Mary afirmou ser vítima de perseguição por denunciar irregularidades na Secretaria Estadual de Educação. Ainda de acordo com ela, o desentendimento acabou fazendo com que o pai do estudante a denunciasse ao Conselho Tutelar e ainda, fizesse diversas ameaças.

“Eu fui removida por ex-offício, mas isso foi arbitrariedade. De denunciante eu passei a ser a denunciada. Algumas pessoas que têm cargo comissionado na SEE perseguem os servidores efetivos. Eu fiz várias denúncias sobre merenda superfaturada na Escola Deputado Rubens Canuto e também de milhões desviados, que deveriam ser destinados à compra de livros didáticos, mas nada foi averiguado. Até o Sinteal abafou o caso”, lamentou.

Ela afirmou que no vídeo fica claro que o aluno foi estimulado pela diretora para destratá-la. Rose Mary contou que na rua também foi agredida pelo pai do estudante e acabou prestando queixa na Delegacia da Mulher, lamentando o fato de ter sido desrespeitada pelos demais estudantes, com palavras homofóbicas e de baixo calão, ao sair da escola.

“O aluno estava com essa enciclopédia há algumas semanas, mostrando fotografias de sexo para os estudantes menores e na sala de aula começou a brigar com outro pelo livro. Eu mandei ele sair e esperar o fim da aula. Ele ficou no portão me esperando para pegar de volta, a pedido da diretora. Eu soube que ela disse que era pra ele mandar os estudantes saírem e me agredir quando eu passasse. Ainda levei um murro no nariz e empurrei ele, só para me defender”, relatou.

Rose Mary revelou que em outra ocasião foi preterida pela diretora da escola e outros funcionários. A professora teria sido retirada da sala de aula e ficado presa na biblioteca com duas mães. “Isso aconteceu quando eu estava em estágio probatório, em 2008. A diretora me tirou da sala e as mulheres disseram coisas horríveis, me chamando de lésbica. Eu procurei um advogado, porque desde essa última confusão estou sem receber meu salário. Na secretaria meu contra-cheque foi retido, também não recebi o dinheiro das minhas férias e ninguém resolve nada”, contou.

SEE

A Superintendente de gestão da Secretaria Estadual de Educação (SEE), Marta Palmeira Melo informou que cada escola tem um conselho responsável por questões internas da instituição. Segundo ela, a decisão de devolver um professor acontece quando ele não se enquadra ás normas pedagógicas. No entanto, Marta ressaltou que isso só ocorre em casos extremos, quando a relação com os alunos não pode ser preservada.

“A direção da escola tem essa autonomia, mas não decide nada sem o voto do conselho. Nessa escola, estudam muitos jovens com vulnerabilidade social e a instrução é para tentar harmonizar as relações no ambiente escolar. O professor tem possibilidade maior de se instalar em outra escola, pois ele é servidor da rede de ensino. É complicado para o aluno ir para outro lugar com a ficha suja, ficando exposto a toda essa violência. A professora pode não ter entendido isso”, destacou.

Já a coordenadora de pessoal da SEE, Nadir Oliveira explicou que há mais de um mês recebeu o comunicado sobre a devolução da professora, que não tinha se adaptado à escola e foi convocada três vezes, por meio do Diário Oficial, para comparecer à secretaria. Nadir informou ainda, que por se recusar a ser lotada em outra escola a professora poderá responder a um inquérito administrativo.

"Ela veio aqui e disse que estava sendo perseguida por nós, dizendo que ia fazer uma cirurgia e que agora não queria ir para outra escola, pois tinha uma audiência marcada para resolver a questão. A professora deixou um atestado de 3 dias de licença, mas como o tempo foi passando o salário foi cortado. Ela abandonou o serviço e mesmo que volte não ficará livre da responsabilidade. O salário só vai ser liberado quando ela voltar a trabalhar. Estamos fazendo tudo dentro da legalidade”, ressaltou.

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