Ele me ligou antes mesmo do sono ir-se embora.

Era começo de manhã da quarta-feira, 31, apesar do sol enxerido , todo garboso, reflexivo, espalhar  sua luminosidade absurda, necessária, pela janela do quarto.

Com uma voz carregada de devoção, emoção, José Augusto foi adiantando a conversa:- Feliz Ano Novo, professora, que em 2016, a senhora consiga fazer tudo, que não conseguiu em 2025.

 Mas, eu queria dizer  professora, Arísia Barros, que esses anos todos, eu avancei muito. (ele repetiu esse mantra ao longo da conversa).

Um jovem preto, pobre, periférico e PCD avancei muito e sei que muito desse muito, devo à senhora e ao Instituto Raízes de Áfricas.

Tão bonitinho!

Conheci Augusto ,rapaz, aos 19 anos, nos anos 2000, em um  Encontro Afro promovido pelo  Núcleo Temático de Intensidade Negra na Escola, da Secretaria de Estado da Educação, do qual esta ativista foi coordenadora.

Ele era um dos participantes do Encontro Afro e gostou tanto do que presenciou, que se alistou como voluntário.

Mesmo com a deficiência intelectual, José Augusto é um cabra inteligente, determinador, muito trabalhador e uma capacidade grande de aprendizados.

E nestas mais de duas décadas que esteve contribuindo, significadamente, com as ações do Instituto Raízes de Áfricas se dedicou de uma forma irreparável, vestiu a camisa, por inteiro.

Atualmente com  35 anos,  José Augusto é servidor de  uma secretaria estadual, e para esta ativista é muito, muito muito bom,  saber que  José Augusto continua traçando caminhos, andando com os próprios pés.

O direito e o esquerdo (risos)

E mais gratificante ainda é saber que o Instituto Raízes de Áfricas tem uma parcela de contribuição nesse processo.

Parabéns, José Augusto, por ter se permitido crescer.

Obrigada, por ter estado ao lado desta ativista por tantos anos.

Na verdade o aprendizado foi indo e voltando. 

Nós crescemos juntos.

A Gratidão é chave que abre portas.

E Felizes Novos Tempos!