O deputado estadual Lelo Maia emitiu nota sobre a intimação judicial que o impede de se manifestar publicamente sobre denúncias relacionadas à atuação de agentes do Departamento Municipal de Transportes e Trânsito (DMTT) de Maceió. 

No texto, Lelo Maia diz que a decisão, ainda que contestada, será cumprida em respeito às instituições democráticas, enquanto as medidas legais cabíveis seguem em andamento.

Para o parlamentar, a decisão judicial representa um revés temporário para a população que busca apoio contra arbitrariedades. Ele enfatizou que sua maior preocupação não é o silêncio pessoal, mas a desproteção daqueles que continuam enfrentando abordagens desproporcionais nas ruas.

Leia a nota na íntegra: 

"Informo que recebi, nesta data, intimação judicial que me proíbe, temporariamente, de me manifestar publicamente e de denunciar os abusos praticados pela DMTT.

Até então, confesso que até alguns meses não tinha a real dimensão das arbitrariedades praticadas por agentes de trânsito. Para mim, o maior problema da cidade sempre foi o trânsito caótico, a buraqueira, a falta de sinalização e o transporte público sobrecarregado. 

Mas tudo isso mudou em uma manhã ensolarada em Maceió, quando vivi pessoalmente uma abordagem abusiva. Naquele momento, senti na pele aquilo que, logo em seguida, passei a receber de forma massiva: denúncias de cidadãos que há muito tempo vinham sofrendo situações semelhantes. 

Motoristas de aplicativo, trabalhadores, transeuntes e pessoas comuns, tratadas com truculência, constrangidas e colocadas na condição de infratores, mesmo quando estavam corretas. 

Desde então, aquela sensação profunda de injustiça me marcou, e não posso admitir que o povo de Maceió continue passando por isso. Não é aceitável que, mesmo estando certo, o cidadão seja obrigado a se submeter à vontade do agente, e não ao que determina a lei.

Fui intimado e a decisão judicial determina que, até nova deliberação, eu me abstenha de tratar publicamente do tema. Ainda que discorde, vou cumpri-la. Não porque seja fácil silenciar, mas porque acredito que o respeito às decisões da Justiça é parte essencial da democracia. 

O que mais machuca não é ficar alguns dias sem falar. O que dói é saber que, enquanto me silencio, muitos cidadãos continuam enfrentando abordagens duras, desproporcionais e, por vezes, humilhantes, sem ter a quem recorrer. Não é sobre multa. É sobre dignidade.

Esta decisão não alcança apenas a minha voz individual ou minhas redes sociais. Ela atinge, ainda que temporariamente, a voz de milhares de maceioenses e alagoanos que confiaram em mim para ouvir, acolher e levar adiante suas denúncias. 

Vou obedecer ao que foi determinado, recorrer até quando for necessário, sem revolta e sem recuo, porque acredito que justiça não se constrói no grito, mas também não se apaga no silêncio. Essa luta não acabou. Ela apenas aguarda o momento certo de continuar.

Agradeço a cada pessoa que esteve junto e demonstrou apoio nesta luta. Reforço que não se trata de recuo, mas do cumprimento de uma determinação judicial, ainda que dela discorde.

Nenhum silêncio colocado é capaz de apagar a dor, a indignação e a esperança de quem luta por dignidade.

Seguiremos juntos, com coragem, fé e perseverança, até que Maceió volte a ser uma cidade onde o cidadão é respeitado, onde a lei protege e onde a autoridade serve e nunca oprime."