Há exatamente dois anos, em 10 de dezembro de 2023, Maceió acompanhou o rompimento da Mina 18, localizada no bairro do Mutange, às margens da Lagoa Mundaú. A Defesa Civil confirmou o colapso às 13h15 naquela tarde, após registrar movimentos atípicos na água que cobria a cavidade.
Câmeras de vídeomonitoramento flagraram o momento exato do rompimento. A área já estava desocupada, devido ao risco iminente de colapso identificado nos dias anteriores. Assista:
Horas antes do rompimento, o monitoramento geotécnico havia detectado alterações significativas, como um deslocamento vertical acumulado de mais de dois metros e uma velocidade de movimento que vinha aumentando.
O alerta máximo da Defesa Civil já estava em vigor, e a recomendação era que ninguém circulasse na região do antigo campo do CSA, no Mutange. Após o colapso, os técnicos reforçaram que todo o movimento observado na superfície fazia parte do processo de acomodação da mina, que continuaria por dias.
Mesmo assim, o órgão reiterou que a área permaneceria isolada e que nem pedestres nem pescadores poderiam transitar próximo ao trecho delimitado pela Marinha. O monitoramento, segundo o órgão, seguiria ativo em tempo integral, com apoio de análises sísmicas e equipamentos de precisão.
Em janeiro de 2024, novas preocupações surgiram após episódios de mortandade de peixes na Laguna Mundaú, registrados nos dias 31 de dezembro e 10 de janeiro.

O Instituto do Meio Ambiente de Alagoas (IMA-AL) abriu uma investigação para verificar se o fenômeno tinha relação com o rompimento da Mina 18, mas semanas depois a nota técnica divulgada pelo órgão esclareceu que não havia qualquer vínculo entre o colapso e as mortes de peixes.
Segundo o órgão, as análises apontaram para um cenário grave de degradação ambiental na laguna, influenciado por temperaturas elevadas, lançamento de efluentes industriais e domésticos, drenagem urbana, presença de resíduos químicos e acúmulo intenso de matéria orgânica no leito.
Ao todo, o IMA realizou 124 ensaios analíticos desde o dia seguinte ao rompimento até meados de janeiro de 2024, confrontando os resultados com dados históricos e estudos científicos. Todos os parâmetros estavam dentro dos índices já conhecidos para o Complexo Estuarino Lagunar Mundaú-Manguaba, reforçando que a crise ambiental da área é antiga, embora demande atenção constante.
No fim de 2024, pouco antes do rompimento completar um ano, novas imagens de drone voltaram a despertar atenção para a Lagoa Mundaú, onde manchas e movimentos incomuns na água surgiram novamente nas proximidades da Mina 18.

Em nota, a Braskem afirmou que o fenômeno já havia sido registrado anteriormente e que análises de amostras de água não indicaram substâncias oleosas nem parâmetros fora do padrão da lagoa. A empresa destacou ainda que uma unidade de monitoramento remoto funciona continuamente na região, registrando dados físico-químicos em tempo real.
Dois anos após o colapso, a Mina 18 segue como um dos marcos mais emblemáticos da crise geológica que remodelou Maceió. A área continua isolada, enquanto a Defesa Civil mantém monitoramento constante do comportamento da lagoa e do solo.
Estudos ambientais e análises técnicas continuam sendo desenvolvidos para compreender, mitigar e prevenir impactos numa região que, desde o afundamento dos bairros, vive sob atenção e cuidado redobrados.
*Estagiário sob supervisão da editoria
Foto de Capa: Reprodução










