O compromisso da Ciência e de agentes públicos com uma política que promove dignidade e proteção para as pessoas mais vulneráveis do Brasil será valorizado com a entrega do 6º Prêmio Simone Albuquerque, diante de mais de 3 mil participantes da 14ª Conferência Nacional de Assistência Social. O evento ocorre entre os dias 6 e 9 de dezembro, em Brasília, no Centro de Convenções Ulysses Guimarães.

O resultado da premiação promovida pelo Conselho Nacional de Assistência Social (CNAS) inspira uma reflexão sobre os 20 anos do Sistema Único de Assistência Social (SUAS). E as pesquisas e práticas reconhecidas reforçam a importância da trajetória já percorrida e ainda a ser trilhada, na construção de uma proteção social que resiste aos desafios de um país com desigualdade continental.

Estudos e experiências premiadas que envolvem gestão e participação social extrapolam o caráter técnico dos trabalhos e simbolizam histórias marcadas por superação, resistência e compromisso com os direitos socioassistenciais.

Um dos casos é de Ricardo Luiz de Assis, premiado por sua dissertação de mestrado profissional pela Universidade Estadual de Feira de Santana, na Bahia, sobre mediações com a juventude de Alexânia, em Goiás. Ele destaca ser um homem preto e gay que superou medidas socioeducativas ao crescer em território vulnerável com oportunidades raras.

“Tive que, enfrentar estigmas profundos e reconstruir, passo a passo, um destino que parecia previamente condenado. E é justamente por isso que este prêmio tem um significado tão grandioso. Ele demonstra que trajetórias que começam à margem não precisam terminar ali”, relata o premiado.

Não bastasse sua trajetória a proteção social do SUAS ainda está presente na vida de seus pais, que são beneficiários do BPC LOAS, e seguem preservando honestidade, dignidade e coragem, diante das limitações materiais e da formação até a 4ª série.

“Ser reconhecido no principal prêmio nacional da Assistência Social significa reafirmar, diante do país, que garantir direitos não é gasto — é investimento. Que fortalecer o SUAS é proteger futuros, é impedir que jovens repitam histórias de exclusão, é romper ciclos que perduram por gerações. Fortalecer o SUAS não é uma pauta técnica — é uma pauta humana. É a diferença entre perder e transformar vidas. E a minha própria vida é prova disso”, concluiu o baiano.

 

 

Compromisso e financiamento

Outras dissertações premiadas expõem aspectos que ampliam argumentos sobre a importância do fortalecimento do pacto com o SUAS para que a política de assistência social seja perenizada e alcance seu público-alvo de maneira eficaz.

A pesquisa de mestrado acadêmico de Ellen Mariane Alves Coleraus, na Universidade Federal de Mato Grosso, foi premiada por desnudar a precarização das relações de trabalho no SUAS, colaborando com a luta de quem trabalha na Assistência Social em seu Estado e por todo o País. E ofereceu subsídio para o governo estadual reforçar a gestão do trabalho e da educação permanente do SUAS.

“A importância do reconhecimento do trabalho através da premiação é de dar maior visibilidade ao que deve ser potencializado no Suas: seus trabalhadores e trabalhadoras”, destacou Ellen Mariane.

José Arimeteia Oliveira foi outro premiado pela dissertação do mestrado profissional da Universidade Federal do Ceará, e considerou importante o destaque à temática do financiamento público do SUAS na modalidade fundo a fundo, no debate sobre as corresponsabilidades e desafios para sustentabilidade da Assistência Social.

Seu trabalho denuncia o desmonte nos governos conservadores de 2017 a 2022 e problemas com emendas parlamentares. Além de apontar soluções para garantir um financiamento obrigatório e não discricionário de um sistema tão importante e necessário para seguridade social e o povo brasileiro.

Um dos projetos premiados na categoria “Democratização dos espaços e estratégias de participação e controle social” foi o Festival SUAS, promovido por Larissa Beatriz Scholz De Bortoli em Caxias do Sul (RS). Ela exalta que as apresentações de teatro, dança, poesia e canto foram capazes de apresentar a rede assistencial municipal à própria rede, com diferentes territórios começando a se perceber nas suas diferenças e nas suas semelhanças.

“Essa troca de experiências conseguiu fortalecer e vem fortalecendo essa rede. Tudo aquilo que se apresenta no festival dá esse caráter de que aquele serviço não é residual e pontual, mas é um serviço permanente, efetivo, continuado; que tem um produto a oferecer enquanto assistência social”, avaliou a premiada que é servidora do INSS e preside o Conselho Municipal de Assistência Social (CMAS).

Simone Albuquerque, que dá nome ao prêmio, atuou na luta pela democracia, ampliação e consolidação dos direitos das pessoas a acessarem a Assistência Social. Foi servidora e gestora do SUAS em Belo Horizonte, onde defendeu o desenvolvimento desta política no Estado de Minas Gerais.

Veja aqui a lista completa de quem recebeu o prêmio: https://7f9ee646-2885-415a-bfa4-9e608360171d.usrfiles.com/ugd/7f9ee6_61465fc3e6f7417a934abfdb9e6fff1a.pdf

A Conferência

A 14ª Conferência Nacional de Assistência Social tem como objetivos avaliar a Política Nacional de Assistência Social, propor diretrizes e estratégias para o aprimoramento do SUAS e deliberar prioridades para o III Plano Decenal de Assistência Social. A programação inclui debates temáticos, plenárias deliberativas, atividades de participação social e a entrega do Prêmio CNAS Simone Albuquerque, que reconhece experiências inovadoras na implementação do SUAS em todo o país.

 

 

Serviço

14ª Conferência Nacional de Assistência Social

Local: Centro de Convenções Ulysses Guimarães – Brasília (DF)

Data: 6 a 9 de dezembro de 2025

Tema: “20 anos do SUAS: construção, proteção social e resistência”

Realização: CNAS e MDS

Mais informações: https://www.blogcnas.com/blog