O Ministério Público de Alagoas (MPAL) deflagrou, nesta terça-feira (18), a Operação Invoice, uma ofensiva nacional contra um esquema criminoso suspeito de movimentar R$ 400 milhões e sonegar mais de R$ 40 milhões em tributos estaduais. A ação, conduzida pelo Grupo de Atuação Especial de Combate à Sonegação Fiscal e Lavagem de Bens (Gaesf), cumpre mandados em Alagoas, Espírito Santo e Santa Catarina, mirando empresários, laranjas, testas-de-ferro e supostos operadores financeiros.

Foram executados 15 mandados de busca e apreensão expedidos pela 17ª Vara Criminal da Capital, especializada no combate ao crime organizado. As diligências alcançam pessoas e empresas suspeitas de integrar um esquema de sonegação fiscal, apropriação indébita tributária, falsidade ideológica e lavagem de bens.

De acordo com o Gaesf, a investigação identificou uma organização criminosa composta por quatro tradings e 11 pessoas físicas. Juntos, eles teriam movimentado valores milionários mascarados por operações supostamente legais, deixando de recolher tributos que, segundo a Secretaria da Fazenda de Alagoas, já ultrapassam R$ 40 milhões — montante que ainda pode crescer com o avanço das apurações.

O coordenador do Gaesf, promotor de Justiça Cyro Blatter, destaca que a fraude impacta diretamente serviços essenciais financiados pelo Estado. “Cada centavo sonegado representa menos leitos, menos professores, menos patrulhamento, menos dignidade para quem depende dos serviços públicos”, afirmou. Blatter acompanha a operação em Santa Catarina ao lado do promotor Anderson Cláudio de Almeida Barbosa.

As apurações apontam para práticas como ocultação e dissimulação patrimonial, pulverização de recursos e uso de laranjas — inclusive beneficiários de programas sociais — para dificultar o rastreamento financeiro. Segundo o MPAL, esses indícios podem configurar lavagem de dinheiro e evidenciam um esquema estruturado para burlar o fisco e ampliar o prejuízo ao Estado.

Dada a complexidade do caso, a investigação segue sob sigilo para garantir a eficácia das medidas. Ao final, o MPAL pretende responsabilizar todos os envolvidos — empresários, operadores, laranjas e um agente público aposentado — além de buscar o ressarcimento integral dos valores desviados.

A Operação Invoice conta com o apoio dos Ministérios Públicos do Espírito Santo e Santa Catarina, das Polícias Civil e Militar desses estados, da Secretaria da Fazenda de Alagoas, da Procuradoria-Geral do Estado e da Secretaria de Segurança Pública. O nome da operação, “Invoice”, faz referência às faturas utilizadas em transações internacionais, tipo de documento empregado para dar aparência de legalidade ao esquema investigado.