A recente conversa por vídeo entre o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, e o presidente brasileiro Luiz Inácio Lula da Silva, anunciada como cordial e voltada ao comércio bilateral, revela mais sobre a estratégia americana do que sobre avanços concretos nas relações entre os dois países. Segundo os próprios líderes, o diálogo foi “ótimo”, mas sem definições práticas, apenas a promessa de um futuro encontro.
Trump, conhecido por sua habilidade em manobras políticas, parece ter jogado em duas frentes: mantém uma postura diplomática com o Estado brasileiro, enquanto delega ao secretário Marco Rubio a tarefa de pressionar o Brasil em temas sensíveis, como o julgamento de Jair Bolsonaro, os presos políticos do 8 de janeiro e as ações do ministro Alexandre de Moraes. Rubio já expressou publicamente críticas contundentes sobre esses assuntos, sinalizando que a cobrança por uma “normalidade democrática” virá de Washington, de uma forma ou de outra.
Além disso, Trump reforça sua política protecionista ao manter tarifas elevadas sobre produtos brasileiros, favorecendo o comércio interno dos Estados Unidos. Com isso, obtém ganhos econômicos e políticos sem se indispor diretamente com o governo Lula, por enquanto.
Enquanto isso, o presidente brasileiro se gaba por ter conversado com Trump (não era o fascista?) e se apresenta como um estadista global, reforçando sua imagem perante seus eleitores. No entanto, a conversa mole do Lula só convence seu eleitorado. Como já escrevi em artigos anteriores, Lula quer manter a ideia de que os EUA são um inimigo da democracia; porém, a fala de Trump na ONU obrigou o petista a mudar sua estratégia.
No tabuleiro internacional, Trump joga — e joga muito bem — enquanto Lula mantém o jogo apenas de aparências.
Como o próprio Lula disse: “agora vai entrar o grosso", e é o que está acontecendo entre o governo Lula e o governo Trump. Nesse caso, o "grosso” é americano.