O transporte público em Rio Largo, na Região Metropolitana de Maceió, tornou-se sinônimo de dor de cabeça e indignação para milhares de moradores que dependem diariamente da Viação Veleiro. Reclamações de atrasos, superlotação, veículos sucateados e a sensação constante de insegurança fazem parte do dia a dia de quem não tem outra opção para chegar ao trabalho, à escola ou a compromissos essenciais.

 

Embora as denúncias contra a empresa sejam antigas, um episódio recente evidenciou a gravidade da situação: um ônibus da linha que atende o município pegou fogo em movimento, assustando passageiros e confirmando os riscos de uma frota considerada defasada pela população.

 

“A minha profunda insatisfação e indignação com os serviços de transporte público prestados pela Veleiro é sobre o todo que a empresa não oferece. O que deveria ser uma solução de mobilidade se tornou, na prática, uma fonte constante de estresse, insegurança e prejuízo no meu dia a dia”, relatou o riolarguense Marcos André.

 

Segundo ele, os problemas são inúmeros e afetam diretamente a vida de quem depende do serviço. “A frota, em sua grande maioria, é composta por veículos antigos e em péssimas condições de conservação. É alarmante a frequência com que os ônibus quebram, nos deixando a pé em horários e locais inoportunos. Essa situação não é um evento isolado, mas sim uma realidade diária que demonstra o total descaso da empresa com a qualidade e a segurança dos passageiros", revelou.

 

O morador também destacou a falta de linhas em regiões importantes da cidade. “A Avenida Jesus Cristo é uma via essencial e, mesmo assim, não há cobertura. Não passa uma linha Rio Largo–Gustavo Paiva, o que é absurdo. Parece que os moradores de certas áreas não têm direito a um transporte digno", desabafou.

 

Para ele, a precariedade já ultrapassou o limite. “A empresa Veleiro não está apenas oferecendo um serviço ruim; está colocando em risco a segurança e a dignidade dos cidadãos. Hoje, o acesso a Maceió se tornou quase inviável. A mobilidade urbana, que deveria ser para todos, acaba sendo de ninguém", disse.

 

Problemas antigos e rotina de humilhação

 

Moradores afirmam que os ônibus quebram com frequência, atrasando a vida de trabalhadores e estudantes. A superlotação também é rotina, especialmente nos horários de pico, quando a frota insuficiente não consegue atender à demanda da cidade.

 

“Tenho filhos e moro na região da Gustavo Paiva. Vivemos um dilema constrangedor: passamos horas no ponto aguardando e, quando finalmente conseguimos pegar o ônibus, ele quebra logo mais à frente. Muitas vezes cheguei atrasada ao trabalho por causa disso. Teve um dia em que o pneu estourou e quase aconteceu um acidente maior. Graças a Deus nada pior aconteceu. Sem falar nas condições precárias em que esses ônibus da Veleiro circulam”, destacou a riolarguense Manuela Silva.

 

Estudantes também relatam prejuízos. “Já perdi prova porque fiquei esperando mais de uma hora no ponto. É como se nosso tempo não valesse nada”, contou a universitária Camila Santos.

 

Situação da Veleiro

 

A Agência Reguladora de Serviços de Alagoas (ARSAL) é o órgão responsável por fiscalizar e garantir a regularidade do transporte intermunicipal no estado. O Ministério Público de Alagoas já cobrou formalmente que a agência realizasse a licitação do trecho Rio Largo–Maceió, visto que o contrato da Veleiro estaria vencido há anos.

 

Em 2019, uma ação civil pública determinou a ampliação da frota de 45 para 65 ônibus, com exigência de cumprimento das normas da ARSAL previstas na Resolução nº 15/2016. Já em agosto de 2020, o MP voltou a pressionar pela contratação emergencial de outra empresa, para que o serviço não fosse interrompido até a conclusão da licitação.

 

Apesar das medidas, os moradores afirmam que nada mudou na prática. Continuam sendo comuns as queixas de ônibus sucateados, falta de linhas, atrasos constantes e insegurança no transporte público oferecido pela Veleiro.