A Câmara dos Deputados aprovou ontem (16/09/2025), em dois turnos, a polêmica PEC da Blindagem, também apelidada de PEC da Impunidade. O texto-base foi aprovado por 353 votos a 134 no primeiro turno e 344 a 133 no segundo, e agora segue para análise no Senado.

A proposta modifica profundamente as regras de investigação e julgamento de parlamentares, criando obstáculos para que o Supremo Tribunal Federal (STF) processe deputados e senadores. Para entidades da sociedade civil, juristas e críticos do projeto, a medida representa um retrocesso grave e coloca em risco o combate à corrupção e à criminalidade no meio político.

Em Alagoas, entre os nove deputados federais, apenas Daniel Barbosa (PP) e Paulão (PT) votaram contra a PEC em ambos os turnos. Os demais votaram a favor ou se ausentaram.

O que a PEC muda

• Autorização prévia da Câmara ou do Senado: O STF só poderá abrir ação penal contra deputados ou senadores se a respectiva Casa Legislativa autorizar previamente.

• Prazo de 90 dias: A Câmara ou o Senado terão até três meses para decidir se permitem o andamento de um processo.

• Voto secreto: A decisão sobre autorizar ou não a abertura de processo será feita em votação secreta, impedindo o eleitor de saber quem protegeu quem.

• Prisão restrita: Parlamentares só poderão ser presos em casos de crime inafiançável e em flagrante. Ainda assim, a Casa correspondente poderá revogar a prisão em até 24 horas.

• Foro privilegiado ampliado: Presidentes nacionais de partidos com representação no Congresso passarão a ter foro especial no STF.

Por que a proposta é considerada negativa

Especialistas apontam que a PEC:

• Aumenta a impunidade: parlamentares dificilmente autorizariam processos contra colegas.

• Diminui a transparência: ao adotar voto secreto, o eleitor perde o direito de acompanhar a postura de seu representante.

• Enfraquece o combate à corrupção: entraves políticos podem paralisar investigações e processos.

• Cria mais privilégios: amplia o foro especial para líderes partidários, que passam a ser julgados diretamente pelo STF.

• Gera tensão institucional: limita o poder do Judiciário e fortalece a autoblindagem do Legislativo.

Na prática, a PEC funciona como um escudo para políticos, dificultando que denúncias e investigações avancem. Para críticos, trata-se de um duro golpe à democracia e ao princípio da igualdade perante a lei.

Como votaram os deputados de Alagoas

• Arthur Lira (PP) – Sim / Sim

• Marx Beltrão (PP) – Sim / Sim

• Isnaldo Bulhões Jr. (MDB) – Sim / Sim

• Luciano Amaral (PSD) – Sim / Sim

• Delegado Fábio Costa (PP) – Sim / Sim

• Rafael Brito (MDB) – Sim / Não

• Daniel Barbosa (PP) – Não / Não

• Paulão (PT) – Não / Não

• Alfredo Gaspar (União Brasil) – Ausente / Ausente

 

Foto de Capa: Reprodução