As Unidades de Pronto Atendimento (UPAs) dos bairros Benedito Bentes e Santa Lúcia, ambos na parte alta de Maceió, registraram um aumento expressivo nos atendimentos por conjuntivite em 2025. Entre os dias 1º de janeiro e 31 de agosto, foram contabilizados 904 casos, de acordo com dados divulgados nesta sexta-feira (12).
O crescimento preocupa: no Benedito Bentes, os casos aumentaram 198,17% em relação ao mesmo período de 2024, passando de 109 para 325 registros. Já no bairro da Santa Lúcia, o salto foi ainda maior, com alta de 203,14%, subindo de 191 para 579 casos.
As unidades são geridas pelo Instituto Saúde e Cidadania (ISAC), com apoio da Secretaria Municipal de Saúde (SMS) da capital alagoana.
Diante da alta no número de casos, as autoridades de saúde reforçam o alerta para medidas de prevenção e tratamento adequado da doença.
O que é conjuntivite? Saiba como se proteger e tratar a inflamação ocular.
A conjuntivite é uma inflamação da conjuntiva, a membrana transparente que reveste o globo ocular e a parte interna das pálpebras. A condição pode ser causada por vírus, bactérias, alergias ou agentes irritantes, como poluição ou produtos químicos.
- Os sintomas mais comuns incluem:
- Olhos vermelhos e irritados
- Lacrimejamento
- Coceira
- Sensação de areia nos olhos
- Secreção amarelada (mais comum na forma bacteriana)
Como se prevenir:
- Evite coçar ou tocar os olhos com as mãos sujas
- Lave as mãos com frequência
- Não compartilhe toalhas, fronhas, maquiagem ou colírios
- Higienize superfícies de uso comum (celulares, teclados, maçanetas)
- Em casos de surtos, evite aglomerações ou ambientes fechados
- Não é recomendado usar maquiagem durante o período, mas em caso contrário, deve-se descartar produtos de maquiagem que possam ter sido contaminados, como rímel e delineador, para evitar a reinfecção.
Tratamento:
A conjuntivite pode ser viral, bacteriana, alérgica e tóxica. O tratamento varia de acordo com a causa. Em todos os casos, principalmente na bacteriana e alérgica, o ideal é que a pessoa procure um médico oftalmologista.
Viral: geralmente desaparece sozinha em até 15 dias; recomenda-se fazer compressas frias e o uso de colírios lubrificantes podem aliviar os sintomas. Neste tipo provoca olhos vermelhos, lacrimejamento excessivo, sensação de areia nos olhos, coceira e fotofobia (sensibilidade à luz). Pode ser altamente contagiosa.
Bacteriana: pode exigir colírios antibióticos, sempre sob prescrição médica. Causada por bactérias, esta forma de conjuntivite apresenta sintomas como olhos vermelhos, inchaço das pálpebras, secreção amarelada e crostas nos cílios.
Alérgica: envolve o uso de colírios antialérgicos e controle dos fatores desencadeantes. Este tipo ocorre devido a uma reação alérgica a substâncias como pólen, pelos de animais ou produtos químicos. Os sintomas incluem olhos vermelhos, coceira intensa, lacrimejamento e inchaço das pálpebras.
Tóxica: O tratamento depende da causa da irritação e pode incluir a lavagem dos olhos com soro fisiológico e o uso de colírios específicos. Causada pela exposição a substâncias químicas irritantes, como cloro ou produtos de limpeza. Os sintomas podem incluir olhos vermelhos, inchaço, coceira e secreção aquosa.
A oftalmologista Carine Gonçalves alerta que apesar de ser uma doença que raramente deixa sequelas, a conjuntivite exige atenção. Em alguns casos, pode ocorrer complicações como infecções secundárias, úlceras na córnea e, em casos raros, perda de visão. Por isso, é importante procurar atendimento médico se os sintomas persistirem ou piorarem.
O Ministério da Saúde recomenda procurar um profissional de saúde nos casos mais graves, como dor intensa, visão embaçada ou agravamento dos sintomas.
Conjuntivite em recém-nascidos
Ainda segundo a médica, é importante consultar um médico quando os sintomas não melhoram após alguns dias, se a dor ocular for intensa, se houver comprometimento da visão, febre ou lacrimejamento com sangue. Além disso, se a conjuntivite ocorrer em recém-nascidos, é fundamental procurar atendimento médico imediatamente.
“Os recém-nascidos podem ser mais suscetíveis à conjuntivite devido ao seu sistema imunológico ainda em desenvolvimento e à exposição a bactérias durante o parto. A conjuntivite em recém-nascidos, também conhecida como oftalmia neonatal, pode levar a complicações graves se não tratada e deve ser avaliada por um médico o mais rápido possível”, diz Carine Gonçalves.
Conjuntivite pode ser sintoma de outras doenças.
A oftalmologista Carina Gonçalves afirma que em alguns casos, a conjuntivite pode ser um sintoma de outras doenças, como infecções virais sistêmicas (por exemplo, sarampo ou caxumba) ou doenças autoimunes (como a síndrome de Sjögren).
Ela alerta que, ao apresentar conjuntivite recorrente ou persistente, juntamente com outros sintomas, é importante consultar um médico para avaliar possíveis causas subjacentes.