Alagoas continua enfrentando sérios desafios em saneamento básico. Segundo dados da Pesquisa Nacional por Amostras de Domicílio - PNAD Contínua 2024, divulgados nesta sexta-feira (22) pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), 35,5% dos domicílios com banheiro no estado ainda utilizavam formas inadequadas de descarte de esgoto no ano passado. O número representa cerca de 389 mil residências com esgotamento feito por fossa rudimentar, vala, rio, lago, mar ou outros métodos não sanitariamente seguros. 

O percentual alagoano é 146% superior à média nacional (14,4%) e também supera em 41% a média da região Nordeste (25,1%). Entre os estados nordestinos, Alagoas apresenta o quarto pior índice, ficando atrás apenas de Sergipe (39,1%), Maranhão (38,1%) e Piauí (35,9%).

Na capital, Maceió, a situação é relativamente melhor, mas ainda preocupante: dos 363 mil domicílios, cerca de 74 mil (20,4%) recorriam a formas de esgotamento consideradas inadequadas.

Rede de esgoto é minoria no estado

Apenas 32,4% dos domicílios alagoanos estavam conectados à rede geral de esgoto em 2024. Outros 9,5% utilizavam fossa séptica ligada à rede, e 22,5% usavam fossa séptica isolada, sem ligação à rede pública.

Em Maceió, o percentual de conexão à rede geral sobe para 47,4%, com 8,9% utilizando fossa ligada à rede e 23,2% com fossa não conectada.

Coleta de lixo melhora, mas queima ainda persiste no interior

A coleta de lixo atingiu 89,7% dos domicílios alagoanos em 2024, sendo 80,9% com coleta direta na propriedade e 8,8% por caçamba pública. Em Maceió, a cobertura chega a 98,5%, com 92,1% dos domicílios atendidos diretamente.

Apesar do avanço, cerca de 101 mil residências ainda recorriam à queima de lixo – prática predominante em áreas rurais, que concentram 99 mil desses domicílios. O dado coloca o estado em linha com uma tendência preocupante no Norte e Nordeste do país, que concentram os maiores índices de queima de resíduos sólidos no Brasil.

Abastecimento de água tem cobertura desigual entre zona urbana e rural

No quesito abastecimento de água, 73,1% dos domicílios alagoanos estavam conectados à rede geral em 2024, número abaixo da média nacional, que foi de 86,3%.

Nas áreas urbanas, o percentual sobe para 82,4%, enquanto na zona rural, despenca para apenas 33,7%. Além disso, entre os domicílios com acesso à rede, apenas 71,8% recebiam água diariamente – um indicador de fornecimento intermitente.

Já em Maceió, a situação é mais favorável, com 88,7% dos domicílios abastecidos diariamente pela rede pública.

Perfil de moradias: maioria são casas próprias e quitadas

A pesquisa também levantou dados sobre o tipo e a ocupação dos domicílios no estado. Em 2024:

65,4% dos domicílios eram próprios já quitados

21,2% eram alugados

3,5% estavam em pagamento

9,8% eram cedidos

Apenas 0,1% estavam em ocupação irregular ou outras condições

As casas representavam a esmagadora maioria das residências em Alagoas: 94% do total. Já os apartamentos somavam apenas 5,9%. Maceió concentrava 29% das casas do estado e 90% dos apartamentos.

Sobre a pesquisa

A PNAD Contínua é uma pesquisa amostral do IBGE que analisa continuamente diversos aspectos da vida da população brasileira. O módulo "Características Gerais dos Domicílios e Moradores", divulgado nesta sexta (22), traz informações sobre saneamento básico, tipo de construção, abastecimento de água, coleta de lixo, posse do imóvel, tipo de moradia, além de dados sobre os moradores – como idade, sexo, cor/raça e arranjos familiares.

A edição de 2024 marca a primeira divulgação após a reponderação dos dados com base no Censo Demográfico 2022.

📊 Os dados completos estão disponíveis em:
🔗 PNAD Contínua – IBGE