A produção alagoana "O Mapa em que Estão Meus Pés", dirigida por Luciano Pedro Jr., foi consagrada como melhor curta-metragem brasileiro pelo júri da crítica na 53ª edição do Festival de Cinema de Gramado, um dos mais prestigiados da América Latina. O anúncio foi feito na noite de sexta-feira (22), durante cerimônia no Palácio dos Festivais.

O tradicional troféu Kikito foi entregue ao diretor e ao produtor Rafhael Barbosa pelos jurados Cristian Verardi e Ivana Almeida, em reconhecimento à força narrativa e sensibilidade da obra.

“É uma conquista histórica porque é a primeira vez que um filme alagoano ganha o Kikito em Gramado”, celebrou Barbosa.

Uma jornada ancestral em Super-8

O curta-metragem estreou mundialmente no próprio festival, representando Alagoas com autenticidade. Produzido pela La Ursa Cinematográfica, em coprodução com a Fumaça Azul Neon, o filme foi selecionado entre mais de mil curtas inscritos de todo o país – apenas 12 foram escolhidos para a mostra competitiva.

Filmado em película super-8, o projeto foi rodado nas cidades de Barra de Santo Antônio, Porto de Pedras e Maceió, no litoral alagoano. O uso do super-8 imprime um tom pessoal e artesanal ao trabalho, reforçando o caráter íntimo da história.

A narrativa resgata uma memória do bisavô do diretor, Sebastião, pescador e agricultor que viveu em uma vila litorânea e formou uma numerosa família ao lado da esposa Edna. No filme, ele é interpretado por Igor de Araújo (O Agente Secreto), cuja voz também conduz a história.

“O filme é inspirado numa viagem feita pelo meu bisavô, um retorno à sua cidade natal. Eu fabulei o encontro com uma caixa cheia de rolos de super-8 filmados por ele, nunca revelados”, explica Luciano. “O super-8 é um tipo de registro muito íntimo, quase como um álbum de família em movimento.”

Reconstruindo Memórias

A obra foi realizada com recursos do Prêmio Pedro da Rocha, da Secretaria de Estado da Cultura e Economia Criativa (Secult/AL), além de apoio da Lei Paulo Gustavo para a finalização, e colaboração das prefeituras de Barra de Santo Antônio e Porto de Pedras.

Durante seu discurso de agradecimento no palco, Luciano ressaltou a importância da memória e da ancestralidade:

“Boa noite! Eu gostaria de, primeiramente, agradecer aos orixás por me permitirem estar aqui nessa noite contando uma história sobre um ancestral meu. Eu acho muito importante que a gente crie e reconstrua a memória das nossas famílias para entender de onde a gente veio e para onde a gente está caminhando.”