O prefeito de Maceió, João Henrique Caldas (PL), o JHC, tem sinalizado a interlocutores que pretende concluir seu mandato à frente da capital alagoana, sem disputar o governo do estado em 2026.
A informação é da colunista Malu Gaspar, de O Globo, que aponta que essa decisão faz parte de um acordo com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) que garantiu a indicação de sua tia, Maria Marluce Caldas Bezerra, ao Superior Tribunal de Justiça (STJ).
Segundo Gaspar, a contrapartida de JHC desagradou ao deputado federal Arthur Lira (PP-AL), que planejava contar com o prefeito em sua chapa para o Senado em 2026. Lira enxergava na candidatura de JHC ao governo um ativo estratégico, já que ele aparece em pesquisas em posição competitiva contra o ministro dos Transportes, Renan Filho (MDB).
A escolha de Marluce, aprovada no Senado por unanimidade na semana passada, fortalece o grupo dos Calheiros. Sem JHC na disputa pelo Executivo estadual, Renan Filho ganha espaço para tentar retomar o governo, enquanto o atual governador, Paulo Dantas (MDB), impedido de reeleição, pode mirar outro cargo.
O impasse amplia a tensão no campo político de Alagoas. Para Lira, a ausência de JHC na disputa estadual significa enfrentar diretamente Renan Calheiros (MDB-AL) na corrida ao Senado, em um cenário em que também podem entrar Dantas e Alfredo Gaspar (União Brasil).
Aliados de Lira ironizam o histórico de mudanças de rota do prefeito e questionam se ele realmente cumprirá o compromisso firmado com Lula, lembrando, por exemplo, sua guinada do PSB para o PL em 2022 e a aproximação com o ex-presidente Jair Bolsonaro no segundo turno.
Por ora, JHC mantém silêncio público sobre as articulações de 2026, mas, nos bastidores, segundo a colunista, a escolha de apoiar a tia no STJ abriu uma fissura com Lira, que já avisou não abrir mão de concorrer ao Senado.