A Secretaria de Educação de Maceió (Semed) promoveu o Pit Stop da Capoeira, uma ação especial do Projeto Arte Capoeira,  voltado para estudantes do Ensino Fundamental do tempo integral.

O evento foi realizado na última sexta-feira (8), na Escola Municipal Paulo Bandeira, no bairro Benedito Bentes, em homenagem ao Dia da Capoeira, celebrado em 3 de agosto.

A Roda de Capoeira marcou o encerramento de uma série de atividades desenvolvidas ao longo da primeira semana de agosto.

Desde o início do mês, os estudantes participaram de dinâmicas em sala de aula, roda de conversas com mestres, oficinas de pintura,  distribuição de materiais didáticos e exibição de vídeos temáticos sobre a cultura africana  e história da Capoeira no Brasil e em Alagoas, que culminaram no encontro do Pit Stop da Capoeira.

A diretora da Escola Municipal Paulo Bandeira, Cris Costa, contou que a prática da Capoeira na unidade de ensino agregou diversos benefícios aos estudantes. Segundo ela, desde o início, o projeto foi recebido com muito entusiasmo.

“O mestre da Lua fez um trabalho exemplar e trouxe esse entusiasmo para as crianças, junto com uma cultura tão maravilhosa, que é a Capoeira. Veio não só alegrar e encantar, como trazer outras situações benéficas para os nossos alunos para a nossa escola”, pontuou Cris.

Entre os benefícios que a Capoeira trouxe aos alunos, a diretora citou disciplina, envolvimento das crianças e pensamento crítico. “Eles passaram a ter uma disciplina diferenciada depois da Capoeira”, disse a diretora escolar.

Inclusão

A aluna Isabela Santos, que tem Síndrome de Down, é uma entre os 2.580 estudantes que participam do projeto.

Segundo a professora Maria Gonçalves, ao ver os responsáveis pelo projeto entrarem em sala de aula com a roupa de capoeira, ela imediatamente ficou animada.

“Bela levantou do fundo da sala, foi lá para frente, interagiu totalmente com as crianças e ali a gente viu uma oportunidade de ela entrar. Falamos com o professor, que disse que era tranquilo, e a gente a incluiu no projeto”, revelou.

Thayná Santos, mãe da Isabela, compartilhou a alegria em ver a filha ser incluída nas atividades da escola.

“Fico muito feliz com essa inclusão que Bela tem, não só nesse evento da Capoeira, como em todos os eventos que a escola proporciona. Ela é sempre muito bem acolhida, sempre muito bem-vinda. Ela não tem dificuldade com interação com a turma, com ninguém, com nenhum funcionário, com nenhuma criança. O meu coração de mãe fica muito quentinho, vendo minha filha se desenvolvendo com maestria nessa escola maravilhosa”, comemorou.

O aluno Arthur Israel, que faz aulas e prática de esportes como futebol e voleibol, avalia a experiência no projeto Arte Capoeira como muito positiva.

“A Capoeira me ajuda a treinar. E tem os mestres que treinam as pessoas que estão participando e é muito bom porque ele te faz aprender sobre a Capoeira, como se defender”, exemplificou.

Resgate histórico e raízes

Para o Mestre Marco Baiano, integrante do projeto Arte Capoeira, a iniciativa é de suma importância para as crianças que estão dentro da escola. 

“A escola é um espaço de formação, esse espaço formal e indispensável para toda a sociedade, e que hoje abriga a Capoeira com todas as suas vertentes e com todos os seus ensinamentos. Ter capoeira na escola é muito mais do que ter, simplesmente, uma arte de luta. É prazeroso para essas crianças que participam desse projeto, todo um processo educativo pautado na história do nosso povo, na resistência e na busca da liberdade”, ressaltou.

Ele pontuou, ainda, que a Capoeira, dentro da escola, deve ser parte de um contexto de educação que permita ao aluno, tanto na aula prática como nas aulas tradicionais, consiga ver qual é o papel dele e também onde ele está situado perante os outros poderes da sociedade.

“Nós entendemos que a Capoeira é um processo educativo, cultural e que é a nossa história. É um pedaço da nossa história que representa, hoje, todo um processo de povo escravizado que buscou a liberdade, e essa liberdade que ainda não chegou. Por isso, unir a prática da Capoeira à questão curricular da escola é de suma importância”, defendeu o mestre Marco Baiano.

O projeto Arte Capoeira contempla 20 escolas municipais e conta com 20 mestres e 20 monitores, atendendo crianças do Ensino Fundamental em unidades de ensino de tempo integral.

Ivanildo Antônio da Silva Santos, conhecido como Mestre Besourão, assumiu na quarta edição do projeto, o lugar do Mestre Cláudio.

“Hoje, estamos fazendo a culminância do projeto ‘3 de Agosto’, que simboliza a Semana da Capoeira. O dia 3 de agosto é o Dia da Capoeira, uma celebração que fazemos aqui todos os anos. Esse projeto da Prefeitura de Maceió é um divisor de águas, porque vem construindo e consolidando as contribuições que a Capoeira dá às crianças, adolescentes e todos os seus praticantes”, compartilhou.