Familiares do alagoano Jeferson de Souza, morto a tiros durante uma abordagem policial na cidade de São Paulo, clamam por Justiça. A morte do jovem, natural e Craíbas, no Agreste alagoano, foi registradas pelas câmeras corporais instaladas nos uniformes do policiais militares.
A irmã do Jeferson, Micaele de Souza, disse, em entrevista à TV Pajuçara, que o jovem saiu de Alagoas para ir buscar uma vida melhor em São Paulo após ele perderem os pais.
Ainda segundo Micaele, o irmão tinha o sonho de se tornar um jogador de futebol, mas enfrentou dificuldades em São Paulo e acabou viciado em drogas e morando na rua.
"Ele começou a trabalhar em uma pizzaria, depois saiu, foi para outra, e com o tempo, virou a cabeça e entrou no mundo das drogas. Ficou em situação de rua […] Nunca pensei em ver meu irmão morto de uma forma tão cruel, por alguém que estava ali para proteger", afirmou Micaele.
Em vídeo, a irmã de Jeferson diz que espera que a Justiça seja feita.
O crime
O crime aconteceu no dia 13 de junho, no Viaduto 25 de Março, e foi registrado por câmeras corporais dos policiais. As imagens, obtidas mostram que os militares mentiram ao dizer que Jeferson reagiu à abordagem.
Na delegacia, os policiais disseram que o jovem era procurado por ameaça e estupro. Dois meses depois do crime, a Polícia Civil ainda não confirmou o histórico criminal da vítima.
O tenente da Força Tática Alan Wallace dos Santos Moreira e o soldado Danilo Gehring estão presos e vão responder pelos crimes de homicídio doloso (quando há intenção de matar), falsidade ideológica e obstrução da Justiça.

Câmeras corporais desmentem PMs sobre execução com fuzil de morador de rua em SP e mostram vítima desarmada e acuada
Jeferson foi abordado por uma equipe da Força Tática por volta das 20h20 do dia 13 de junho. Ele estava em cima de uma árvore e foi levado para debaixo do viaduto. Durante a abordagem, os policiais tiraram foto dele e enviaram as imagens para vários contatos pelo celular.
Pelas imagens, é possível ver Jeferson com as mãos para trás, chorando e sem apresentar qualquer resistência.
Uma hora depois, o soldado Danilo, que estava com a câmera corporal ligada, tampa a câmera e a vira para outra direção. Segundos depois, Jeferson aparece morto, com ferimentos de fuzil na cabeça, no tórax e no braço.
O porta-voz da Polícia Militar de São Paulo classificou a morte do morador em situação de rua como “inaceitável” e “vergonhosa” a conduta dos policiais. Segundo o coronel Emerson Massera, chefe do Centro de Comunicação Social da PM, as imagens desmentem a versão dos policiais.
Alan Wallace e Danilo Gehring foram presos no dia 22 de julho pela própria corporação e levados ao Presídio Militar Romão Gomes, na Zona Leste de São Paulo, onde permanecem detidos.
*com Agências