A Secretaria Municipal de Saúde de Santana do Mundaú promoveu nessa quarta-feira um seminário de capacitação com foco na febre do Oropouche. Profissionais do Conselho de Secretarias Municipais de Saúde de Alagoas (Cosems-AL) e da Secretaria de Estado da Saúde de Alagoas  (Sesau) participaram do evento, cujo objetivo foi preparar as equipes do município para atuar de forma eficiente diante dos possíveis casos suspeitos de contaminação pelo vírus Orov.

Na ocasião foram abordados temas descritos nos protocolos, como sinais clínicos, formas de transmissão, notificações, manejo clínico dos casos e aspectos laboratoriais.

Segundo a apoiadora regional do Cosems-AL, Kathleen Moura, a Febre do Oropouche é uma doença causada por um arbovírus. Foi isolado pela primeira vez no Brasil em 1960, a partir de amostra de sangue de um bichopreguiça capturada durante a construção da rodovia Belém-Brasília.

De acordo com Kathleen, trata-se de uma doença viral causada pelo vírus Oropouche (Orov), transmitida principalmente por mosquitos do gênero Culicoides (conhecidos como maruins) e, em menor escala, por mosquitos Culex. A febre do Oropouche é doença de notificação compulsória e imediata, dada sua capacidade de gerar surtos e seu potencial epidêmico.

O quadro clínico é agudo e evolui com febre de início súbito, cefaleia prolongada e intensa (dor de cabeça), mialgia (dor muscular) e artralgia (dor articular). Outros sintomas como tontura, dor retro-ocular, calafrios, fotofobia, náuseas e vômitos também são relatados. Casos com manifestações hemorrágicas e acometimento do sistema nervoso podem ocorrer. Os sintomas duram de 2 a 7 dias, sendo em geral autolimitados.  Parte dos casos podem apresentar gravidade, e óbitos têm sido relacionados à doença.

A maior preocupação está na possibilidade de transmissão vertical (gestante infectadas para o feto) com recomendação para intensificação da vigilância de transmissão do OROV , devido a possibilidade de ocorrer anomalias congênitas ou óbitos fetais.

O diagnóstico envolve avaliação clínica, histórico epidemiológico e confirmação em laboratório (RT-PCR ou sorologia) e não há tratamento antiviral específico para Oropouche.

Participaram do seminário médicos, enfermeiros, técnicos de enfermagem, agentes comunitários de saúde, vigilância epidemiológica e coordenadores municipais. A capacitação foi conduzida por especialistas da área, que destacaram a importância da identificação precoce e do trabalho integrado entre as equipes de saúde.

Para a secretária de saúde de Santana do Mundaú e diretora do Cosems-AL,  Paula Gomes, a qualificação dos  profissionais é a principal estratégia para garantir uma resposta rápida frente ao aparecimento de novos casos da doença.

"Santana do Mundaú já notificou 2 casos e possui um território com plantações de banana, laranja, ou seja, ambientes onde o mosquito maruim se reproduz. Por isso, estamos preparando nossas equipes, construindo protocolos para uma busca ativa dos casos suspeitos, fortalecendo assim o trabalho integrado entre a atenção primaria e a vigilância”, destacou Paula.

Os técnicos  reforçaram a importância do Ministério da Saúde apoiar os territórios já com confirmação de casos, pensando na ampliação dos kit’s de diagnóstico laboratorial para os Lacen’s, já que as analises estão limitadas a apenas 10% das amostras negativas para os testes de ZIKA, Dengue e Chikungunya.