É verdade que ninguém gosta de ser xingado e vaiado, em público ou no privado, mas a reação do governador Paulo Dantas, na manifestação dos professores em greve esta semana, mostrou um político em nada preparado para o contraditório franco, em campo aberto (deveria ler sobre Mário Covas, na greve dos professores se São Paulo).

Claro que ele não foi o primeiro governante a querer enfrentar, dedo em riste, algum sindicalista mais  “ousado”.

Lembro, por exemplo, do seu vice, Ronaldo Lessa, dentro do salão de despachos do antigo Palácio Floriano Peixoto, partir para cima de um representante dos trabalhadores do serviço público estadual que lhe cobrava o que considerava justo.

Foi salvo pela turma do “deixa disso”.

Creio que o próprio Lessa hoje está arrependido da sua reação aguda e pouco democrática.

Dantas tem tempo, ainda, para se preparar melhor, se for o caso, para lidar com situações como a que viveu na última segunda-feira - com tolerância e sabedoria.

Falta, é verdade, alguém na sua equipe que tenha uma mínima experiência com movimentos sociais, quando organizados e decididos a reivindicar seus direitos.

Que ele não caia na bobagem de achar que “deu” aos professores o que eles conquistaram ao longo dos anos – por mais que tenha avançado na ainda longínqua justiça salarial.

Até porque a luta econômica que impulsiona as mobilizações sindicais nunca tem fim.