Após a morte de centenas de cavalos em diferentes regiões do Brasil nos últimos quatro meses, a Nutratta Nutrição Animal Ltda se pronunciou pela primeira vez sobre o caso. Em nota enviada nessa terça-feira (22) ao portal Metrópoles, a empresa admitiu a possível presença de uma substância tóxica na ração produzida.
Segundo o comunicado, análises preliminares indicam a presença da monocrotalina — composto tóxico originado de plantas do gênero Crotalaria, amplamente utilizadas na adubação verde. Essa substância pode estar presente em matérias-primas de origem vegetal usadas em diversas cadeias agroindustriais.
A empresa afirmou ainda que “lamenta profundamente os relatos de intoxicação e óbitos de animais supostamente associados ao produto” e informou que suspendeu voluntariamente a comercialização da ração.
Medidas adotadas
Em resposta à crise, a Nutratta disse ter implementado medidas preventivas e corretivas imediatas, como:
- Reforço nos controles laboratoriais
- Revisão dos critérios de qualificação de fornecedores
- Adoção de protocolos mais rigorosos de rastreabilidade de matérias-primas vegetais
- Reestruturação de protocolos sanitários e do layout da fábrica
Até o momento, o país já registrou 788 mortes de cavalos relacionadas ao consumo da ração contaminada. Outros 513 animais estão em tratamento e 410 seguem sob observação clínica.
Além de Alagoas, onde ocorreram mais de 60 mortes, também foram confirmados óbitos em Minas Gerais, Rio de Janeiro, São Paulo, Bahia, Goiás, Rio Grande do Norte e Santa Catarina.
Os principais sintomas apresentados pelos animais incluem desorientação, alterações de comportamento e dificuldades de locomoção.
Intervenção
As mortes começaram a ser registradas em abril. As investigações oficiais tiveram início em 26 de maio. Em 4 de junho, o Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa) suspendeu a comercialização de todas as rações fabricadas a partir de 8 de março deste ano.
Posteriormente, em 17 de junho, o Mapa determinou o recolhimento de todos os produtos destinados a equídeos produzidos desde 21 de novembro de 2024, como medida de precaução. No dia 25, por meio de ofício, o ministério confirmou a presença de substâncias tóxicas nas rações analisadas.
A pasta destacou que a complexidade do caso se agrava pela evolução clínica dos sintomas, que podem surgir dias após a interrupção do uso da ração. Em muitos casos, os cavalos desenvolvem insuficiência hepática severa seguida de agravamento repentino, dificultando o diagnóstico e o controle da situação.