O deputado federal Kim Kataguiri (União-SP) quer convocar o ministro Márcio Macêdo, da Secretaria-Geral da Presidência, para explicar à Comissão de Fiscalização e Controle da Câmara dos Deputados a visita do presidente Lula (PT) à Favela do Moinho, em São Paulo. O pedido foi realizado após o Metrópoles revelar que a ONG Associação da Comunidade do Moinho, responsável por articular a agenda com o governo federal, é ligada ao Primeiro Comando da Capital (PCC).

Segundo o portal, documentos mostram que a sede da entidade foi usada para guardar drogas para a facção criminosa.

Macêdo esteve na sede da ONG em 25 de junho de 2025 para discutir a agenda.

A presidente da Associação da Comunidade do Moinho, Alessandra Moja Cunha, é irmã de Leonardo Monteiro Moja, o Léo do Moinho, apontado como líder do tráfico local.

Ele está preso desde agosto de 2024.

Pedido de convocação

“Considerando a gravidade dos fatos relatados, é imprescindível que o ministro Márcio Macêdo esclareça os critérios que orientaram a escolha da referida associação como interlocutor do governo federal, bem como as medidas adotadas para apurar os vínculos com o crime organizado e evitar a institucionalização de relações com entidades suspeitas”, disse Kim Kataguiri no pedido de convocação.

Como ministro da Secretaria-Geral da Presidência da República, Macêdo é pela relação do governo com os movimentos sociais.

Depósito de drogas

Localizada na rua Doutor Elias Chaves, número 20, a sede da Associação da Comunidade do Moinho foi usada para o armazenamento de drogas.

Pelo menos cinco tijolos de cocaína, “608 porções de cocaína na forma de crack” e 98 porções e três tijolos de maconha foram apreendidos no local pela Polícia Civil em agosto de 2023.

A denúncia do MPSP diz que Léo do Moinho e sua família instalaram no local “um ambiente de várias práticas criminosas, que se retroalimentam dentro da clandestinidade e que violam direitos humanos básicos das pessoas que lá se encontram, em especial os dependentes químicos, inclusive incitando movimentos dentro da comunidade de subversão contra as ações policiais”.

Como a favela é controlada pela facção criminosa, o acesso costuma ser restrito a não moradores, segundo o MPSP.

Dama do tráfico amazonense

Essa não é a primeira vez que integrantes do governo Lula têm contato com pessoas ligadas ao tráfico de drogas.

Em 2023, Luciane Barbosa Farias, a “dama do tráfico amazonense”, que é esposa de Clemilson dos Santos Farias, o Tio Patinhas, líder da facção criminosa Comando Vermelho no Amazonas, participou de duas audiências na sede do Ministério da Justiça e Segurança Pública, em Brasília.

Ela também esteve no Ministério dos Direitos Humanos.