Uma reportagem publicada neste domingo (5) pelo portal Metrópoles destaca que, somente em São Paulo, ao menos 290 cavalos morreram nos últimos dois meses após consumo de rações da empresa Nutratta Nutrição Animal Ltda. Atualmente, há cerca de 250 animais em tratamento intensivo.

A maioria dos casos foram registrados no interior de São Paulo. Os dados são de um levantamento organizado pela advogada Maria Alessandra Agarussi, que representa criadores afetados.

Segundo a estimativa, no Brasil, já foram contabilizadas 650 mortes de cavalos depois de terem comido ração contaminada. Além disso, no país, há 367 animais em tratamento e 212 sob observação clínica. Além de São Paulo, há casos de óbitos em decorrência da ingestão da ração em Alagoas, Bahia, Goiás, Rio Grande do Norte e Minas Gerais, Rio de Janeiro,

A maioria dos casos foram registrados no interior de São Paulo. Os dados são de um levantamento organizado pela advogada Maria Alessandra Agarussi, que representa criadores afetados.

“Os casos aumentam diariamente. Mortes são observadas em todo o país”, lamenta a advogada. Ela coordena o grupo “Vítimas da Nutratta”, que engloba centenas de depoimentos de perdas em haras e centros de treinamento. O grupo se organiza para tomar providências judiciais, mas todas as ações estão sendo ajuizadas em esfera individual.

Entre os sintomas observados nos bichos, estão desorientação, alterações de comportamento e mudanças na locomoção. “O primeiro é o apetite, eles perdem. Na sequência, eles começam a querer ficar prostrados, encostam a cabeça na parede, daqui a pouco eles começam a bater mesmo a cabeça na parede, morder”, detalha Marcos Barbosa, dono do haras Dia de Sol, na zona rural de Guarulhos, Região Metropolitana de São Paulo.

Barbosa já perdeu nove cavalos desde maio. Dois óbitos ocorreram na terça-feira (1º). “Nem sei mais qual é o sentimento, fiquei até o último minuto com todos os nossos animais. Estou anestesiado até”, avalia.

“Todo o possível estamos fazendo, mas pedindo somente a Deus que nos livre desse sofrimento. Estamos vendo nossos animais morrerem sufocados, raspando a cabeça na parede… é desumano”, indigna-se. “Estamos passando momentos de terror”, define Barbosa.

Em 17 de junho, o Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa) determinou o recolhimento de todos os produtos destinados a equídeos, fabricados a partir de 21 novembro de 2024. A pasta iniciou uma investigação para apurar as mortes. No dia 25, via ofício, comunicou a constatação da presença de substâncias tóxicas em rações para cavalos.

Ao Metrópoles, a Secretaria de Segurança Pública (SSP) disse que até o momento não há investigações policiais em andamento sobre o assunto.

Atualmente, o Mapa investiga novas informações recebidas sobre mortes de equinos em novas localidades, incluindo: 40 no sudoeste da Bahia, 70 em Goiânia (GO), 34 em Jarinu (SP), 10 em Santo Antônio do Pinhal (SP), 18 em Uberlândia (MG), 8 em Guaranésia (MG), 8 em Jequeri (MG) e 7 em Mariana (MG). “Ressalta-se, no entanto, que a apuração desses novos casos tem sido dificultada pela ausência de comunicação formal via Ouvidoria, que é o canal oficial para registro das denúncias”, informou.

A pasta também destacou que outro fator que dificulta o trabalho de fiscalização é a natureza dos sintomas apresentados pelos animais. Eles podem surgir tardiamente após a interrupção do uso da ração. “A evolução clínica dos equinos, marcada por insuficiência hepática seguida de piora repentina, tem tornado ainda mais complexa a estimativa precisa do número total de óbitos”.

Segundo o Mapa, de acordo com a legislação vigente, o fabricante fica responsável, de imediato, a adotar medidas de autocorreção, com inclusive o recolhimento dos lotes afetados.

Procurada pelo Metrópoles via e-mail, WhatsApp e ligações, a empresa Nutratta Nutrição Animal Ltda. não se manifestou sobre as mortes dos cavalos devido ao consumo de ração contaminada, até a publicação desta reportagem. O espaço segue aberto para pronunciamentos.

 

*Com Metrópoles