Foi realizada no plenário da Assembleia Legislativa Estadual, durante a manhã desta segunda-feira (16), sessão especial sobre a Campanha da Fraternidade 2025, cujo tema é “Fraternidade e ecologia integral”. Proposta pelo deputado estadual Ronaldo Medeiros (PT), o encontro discutiu a importância de revisão sobre o modo de vida e a sua relação com o ecossistema.

“O capitalismo, em nome de um progresso, vem desmontando e destruindo legislações, destruindo o meio ambiente. Essa destruição, só no Brasil, mas no mundo todo, afeta principalmente as pessoas mais pobres. Como a gente vê aqui em Maceió, por exemplo, ou vai em qualquer parte do mundo, esses desastres ambientais não são por acaso, são parte de uma falta de cuidado dos seres humanos, principalmente da gente que detém o poder, com o meio ambiente”, afirma. “Trabalhar esse tema é trabalhar a vida, proteger o planeta. E a Campanha da Fraternidade não poderia escolher um tema mais atual, que sempre vai ser atual. É um tema hoje que é muito sensível a vários projetos que hoje também vêm do Congresso Nacional, que tocam esse tema que busca com o discurso de diminuir burocracia, mas, na verdade é para destruir o meio ambiente”, completa Ronaldo Medeiros.

Para dom Beto, arcebispo de Maceió, a Campanha da Fraternidade materializa uma proposta para reflexão de todo o ano e não somente para o período quaresmal.

“A cada ano um tema é destacado com o sinal de que realmente é necessitado de conversar, encarando temas específicos. A cada ano, há um convite para alacarmos o olhar e perceber que o pecado, com suas consequências, ameaça a vida como um todo. A Campanha da Fraternidade tem, por exemplo, objetivos permanentes. A cada ano temos objetivos gerais, objetivos específicos, mas temos um conjunto de objetivos permanentes das campanhas da Fraternidade. Primeiro, despertar o espírito comunitário cristão no povo de Deus, comprometendo, em particular, os cristãos em busca do bem comum. Depois, educar para a vida e fraternidade, a partir da justiça e do amor, exigência central. Renovar a consciência da responsabilidade de todos pela ação da Igreja, da evangelização, na produção do mundo”, disse o arcebispo de Maceió em sua fala durante a sessão especial desta segunda-feira.

Já para Padre Elison Silva, coordenador da Equipe de Campanhas da Arquidiocese de Maceió, a Campanha da Fraternidade de 2025 vai muito além do tema da ecologia, abrangendo até a qualidade de vida material das pessoas, como melhores salário e redução da carga horária de trabalho.

“Não se trata apenas de ecologia, mas de todo âmbito da vida da pessoa no mundo criado por Deus”, crava para pontuar as tarefas da Campanha da Fraternidade deste ano.

“Nessa campanha, temos como tarefa participar de audiências públicas, enquanto Igreja Católica, ou realizar debates sobre a grave crise climática e as falsas soluções propostas, a urgência de uma alteração profunda de nossos modos de vida e o reconhecimento da natureza como sujeito de direitos. Identificar e apoiar as comunidades atingidas por catástrofes naturais, desde enchentes a secas prolongadas, queda de barragens, contaminação por mercúrio, inundações causadas por hidrelétricas e desmatamento, além de outros; e as vítimas dos conflitos socioambientais porque não é cuidar só do mundo sem pensar nas pessoas que vivem e fazem parte desse mundo; Fomentar caminhos de formação continuada sobre biomas e ecossistemas locais, ampliando a compreensão das dinâmicas biológicas e os desafios enfrentados, conscientizando a todos que a casa comum é, na verdade, a própria criação de Deus; Escutar e defender as comunidades indígenas, com suas tradições culturais e saberes que nos ensinam que o princípio da destinação universal dos meios se encontra associado à ecologia integral; Pautar uma grande discussão sobre uma redução da carga horária do trabalho porque as pessoas não poderão aproveitar do dom da criação de Deus e da própria saúde e integração entre os outros também passa pelo salário, pela revisão dos valores produtivos e de consumo, considerando a urgência de revermos radicalmente o nosso aceleramento a outra modalidade de progresso e desenvolvimento e apoiar e promover nas esferas públicas mudanças de nosso modelo econômico que ameaça a vida em nossa casa comum”, afirma padre Elison Silva.