Em tempos de telas por todos os lados, notificações constantes e encontros cada vez mais virtuais, algo curioso está acontecendo: os jogos de tabuleiro e as brincadeiras em grupo estão voltando com força total. Famílias se reúnem para jogar, amigos marcam noites de boardgames e até empresas usam essas dinâmicas para fortalecer equipes.
O que antes era visto como passatempo de criança ou coisa de gente “das antigas” está sendo redescoberto como uma forma poderosa de socialização, conexão e diversão genuína.
Conexão em tempos desconectados
A era digital trouxe muitas facilidades, mas também nos afastou fisicamente. Conversamos por mensagens, rimos por emojis e participamos de aniversários por videochamadas. No meio disso tudo, o simples ato de sentar à mesa com outras pessoas e jogar ganhou um novo significado: tornou-se um respiro, uma forma de se reconectar no mundo real.
Jogos presenciais permitem o contato visual, a leitura das expressões faciais, as risadas espontâneas. E isso faz uma diferença enorme no fortalecimento dos laços. Em uma partida de Uno ou War, há muito mais do que cartas e dados em jogo: há história compartilhada, cumplicidade e memórias sendo criadas.
O papel dos jogos digitais com espírito de tabuleiro
Mesmo no mundo virtual, algumas experiências buscam replicar essa sensação coletiva de jogar junto. Um exemplo divertido e eficiente é o clássico Super Mario Party, um jogo digital que reproduz a dinâmica dos tabuleiros físicos, mas com elementos interativos e muito carisma.
Nele, os jogadores percorrem um tabuleiro virtual e enfrentam minigames cooperativos ou competitivos, como se estivessem todos ao redor da mesma mesa. A fórmula é um sucesso porque mistura o melhor dos dois mundos: a praticidade do digital com a interação social típica dos jogos clássicos.
Um mercado em crescimento (e muito criativo)
O renascimento dos jogos de tabuleiro também movimenta um mercado vibrante e em constante expansão. Novos títulos são lançados a todo momento, muitos deles com temáticas complexas, regras sofisticadas e design caprichado. Há jogos cooperativos, competitivos, narrativos, estratégicos, rápidos e até contemplativos.
Editoras independentes ganham espaço com projetos autorais que apostam em diversidade, inclusão e inovação. Além disso, muitas livrarias, cafeterias e bares têm criado espaços próprios para rodadas de jogos, transformando o tabuleiro em ponto de encontro.
Brincadeiras antigas, novos contextos
Além dos jogos formais, brincadeiras tradicionais também têm voltado à cena, especialmente entre crianças e adolescentes. Esconde-esconde, queimada, mímica, stop... todas essas atividades são resgatadas em festas, eventos escolares e até encontros de adultos saudosos.
Esse movimento não é apenas nostálgico. Ele revela uma busca por interações mais leves, menos mediadas por tecnologia, e que exigem mais presença física e mental. É como se, em meio à avalanche digital, nosso corpo pedisse experiências mais tangíveis.
Benefícios que vão além da diversão
Brincar em grupo não é só entretenimento. É também uma forma de desenvolver habilidades importantes:
Comunicação e negociação
Cooperação e trabalho em equipe
Tomada de decisões sob pressão
Empatia e escuta ativa
Pensamento estratégico e criatividade
Por isso, jogos e brincadeiras têm sido cada vez mais usados em ambientes educacionais e corporativos. Eles facilitam o aprendizado e melhoram o clima entre pessoas que, muitas vezes, mal se conhecem.
Menos tela, mais presença
Um dos maiores ganhos dessa retomada do jogo presencial é a redução do tempo de exposição às telas. Muitas famílias têm adotado uma “noite do jogo” semanal, onde celulares e tablets ficam de lado e todos se concentram no aqui e agora.
Essa pausa na rotina digital tem efeitos positivos na qualidade do sono, no humor e nos relacionamentos. Além disso, é um momento de descanso mental importante em um mundo hiperconectado.
A moda das “boardgame nights”
Reunir os amigos para uma noite de jogos se tornou um programa social tão desejado quanto sair para jantar ou ir ao cinema. As chamadas boardgame nights são planejadas com direito a petiscos, playlists temáticas e disputas acirradas que podem durar horas.
O clima leve, a interação constante e a variedade de jogos fazem com que cada encontro seja diferente do anterior. É uma alternativa descontraída para reunir pessoas de diferentes perfis, idades e interesses.
Como escolher um bom jogo para o grupo
Com tantas opções no mercado, pode ser difícil saber por onde começar. A dica é observar o perfil das pessoas:
Jogos curtos e dinâmicos: ideais para grupos grandes ou iniciantes
Jogos cooperativos: bons para quem não gosta de competir diretamente
Jogos estratégicos: ótimos para quem curte desafios mentais
Jogos de contar histórias: perfeitos para grupos criativos e comunicativos
Muitas lojas especializadas oferecem a possibilidade de testar os jogos antes de comprar. E, de vez em quando, surge aquele descontaço especial que torna mais fácil levar diversão pra casa sem pesar no bolso.
Brincar em família: mais do que passatempo, um elo afetivo
Jogos e brincadeiras também cumprem um papel importante dentro das famílias. Em muitas casas, sentar para jogar é o momento mais esperado do dia ou da semana. Pais e filhos se aproximam, irmãos constroem cumplicidade e até avós entram na roda para ensinar (ou aprender) novos jogos.
Essa prática ajuda a criar uma cultura familiar de cooperação e diálogo, além de ser uma ótima forma de ensinar valores como respeito, empatia e resiliência. Brincar juntos é uma maneira poderosa de educar sem parecer uma lição. E, na correria do cotidiano, esses momentos viram refúgios afetivos que ficam para sempre na memória.
A volta do olho no olho
Em tempos tão digitais, recuperar formas simples de conexão se tornou essencial. Jogos de tabuleiro e brincadeiras em grupo são convites para desacelerar, olhar no olho e compartilhar momentos reais.
Eles nos lembram que não é preciso muito para se divertir: uma mesa, algumas cartas e boas companhias já são suficientes. E o mais importante: quando jogamos juntos, reforçamos vínculos que nenhuma rede social consegue substituir.
Portanto, da próxima vez que pensar em reunir os amigos, considere trocar o streaming por um dado. Resgatar jogos clássicos como Banco Imobiliário, Detetive ou até um improvisado Jogo da Velha pode ser o começo de uma nova tradição. E se a dúvida bater na hora de escolher, vale explorar os muitos clubes de jogos, eventos temáticos e lojas especializadas que surgem a cada dia nas cidades brasileiras. Você pode se surpreender com o quanto cabe de alegria dentro de uma caixa de jogo.