Em entrevista recente, em maio deste ano, ao CM Cast, o juiz Marcelo Tadeu falou, entre outras coisas, sobre o homicídio do advogado Nudson Harley, ocorrido em julho de 2009, em Maceió, cujo alvo, na verdade, seria o próprio magistrado.

Na manhã desta quinta-feira (5), o reeducando Antônio Wendel Melo Guarnieri, 43 anos, que cumpria pena pelo crime, foi assassinado na Penitenciária de Segurança Máxima de Alagoas (PenSM). 

A reportagem entrou em contato com o magistrado aposentado, e aguarda para saber se ele quer falar sobre o assassinato ocorrido hoje.

Trechos da entrevista

“Eu não tenho a menor dúvida que o alvo era eu. E só não morri novamente porque fui perspicaz. Se quisessem se vingar pelas atitudes que tive como juiz, fariam novamente se eu ficasse em silêncio”, afirmou Marcelo Tadeu, durante a entrevista aos jornalistas Ricardo Mota e Carlos Melo.

Ele disse acreditar que um “consórcio” foi o mandante do crime, que “não foi resolvido, porque não tem mandante nenhum preso”.

O juiz aposentado contou que o advogado tinha características físicas semelhantes às suas. “Ele fisicamente era parecido comigo, lembrava a minha pessoa”, e que testemunhas ouviram os criminosos gritar: ‘Pegamos o cara errado’.

Logo após o crime, ele abordou uma mulher que estava com a vítima e ela teria negado se tratar de um assalto. O juiz também comunicou o fato ao então governador Teotonio Vilela Filho e ao secretário de Segurança Pública, pedindo providências: “Com toda certeza sabíamos que ia terminar em pizza e terminou”, lamentou.

Tadeu afirmou ainda que investigações estavam em curso quando o crime ocorreu e que o caso envolvia uma arma de calibre .40, de uso privativo das forças de segurança. Ele soube posteriormente que o condutor do carro morreu e que o outro envolvido confessou o crime. As investigações, segundo ele, apontavam para um mandante com interesse direto: “Havia o interesse de um usineiro, pessoas que estavam perdendo bens, e teria gente do Judiciário também envolvida”.

O juiz disse que se mantivesse silêncio, os autores do crime poderiam tentar novamente. “Se quisessem se vingar pelas atitudes que tive como juiz, fariam novamente se eu ficasse em silêncio, achando realmente que o rapaz foi morto porque se apaixonou por uma mulher casada em apenas sete dias”.