O influenciador digital alagoano Rico Melquíades prestará depoimento à Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) das Bets no Senado Federal nesta quarta-feira (14). O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), atendeu parcialmente a um pedido da defesa de Rico e autorizou, na noite de terça-feira (13), que o influenciador fique em silêncio durante o depoimento.

Os advogados pediam a dispensa do comparecimento obrigatório à CPI, mas Rico será obrigado a comparecer ao colegiado na condição de testemunha, com o dever de se manifestar sobre fatos e acontecimentos relacionados à investigação. No entanto, ele poderá ficar em silêncio para não se incriminar, caso seja questionado sobre temas que possam prejudicá-lo.

Moraes também determinou que Rico seja assistido por advogados durante a oitiva, podendo se comunicar com eles ao longo do depoimento.

O requerimento de convocação de Rico Melquíades foi apresentado pela senadora Soraya Thronicke (Podemos-MT), relatora da CPI. No documento, a parlamentar afirma que o influenciador é citado na Operação Game Over 2, deflagrada pela Polícia Civil de Alagoas para apurar promoção irregular de jogos de azar online.

“Sua presença nesta Comissão Parlamentar de Inquérito é essencial para compreender como se estruturam as campanhas de divulgação de jogos ilegais, quais são os vínculos entre influenciadores e essas plataformas, e de que forma tais práticas impactam negativamente a sociedade, em especial os grupos mais vulneráveis”, afirmou a senadora.

Também está prevista para esta quarta a oitiva da advogada Adélia de Jesus Soares, que participou do reality show Big Brother Brasil em 2016. No entanto, o ministro do STF Dias Toffoli concedeu habeas corpus para que ela não seja obrigada a comparecer ao colegiado.

CPI das Bets

Instalada em novembro de 2024, a CPI das Bets tem objetivo de investigar a influência de jogos de apostas online no orçamento das famílias brasileiras, além da possível associação com organizações criminosas envolvidas em práticas de lavagem de dinheiro.

O colegiado também apura o uso de influenciadores digitais na promoção e divulgação dessas atividades. Na terça-feira (13), a influenciadora Virgínia Fonseca prestou depoimento por quase quatro horas e negou envolvimento com práticas ilegais.

Depoimento de Virgínia

Virginia, que obteve na noite de segunda-feira (12) um habeas corpus do ministro Gilmar Mendes, do STF, garantindo o direito de ficar em silêncio e não se autoincriminar, respondeu à maioria das perguntas. Ela se recusou apenas a responder sobre o maior valor recebido em propaganda para empresas de apostas.

A influenciadora afirmou que os valores recebidos por campanhas com empresas de apostas foram devidamente declarados à Receita Federal. Ela também negou ter recebido qualquer percentual extra — o chamado “cachê da desgraça” — com base nas perdas de seguidores em sites de apostas.

Segundo Virginia, a fortuna milionária que conquistou não foi “graças a contratos com bets” e sim pelo trabalho com sua marca de cosméticos e maquiagens, a Wepink. Além das demais publicidades e empresas em outras áreas.

*Com CNN