Os familiares da adolescente Ana Beatriz, de 15 anos, acreditam que o corpo encontrado em uma fossa no último sábado (3) pode não ser o dela. A informação foi divulgada nas redes sociais da advogada Júlia Nunes, que representa a família. Ana Beatriz foi vista pela última vez no dia 8 de abril, quando saía do Instituto Federal de Alagoas (Ifal), em Maceió.
Segundo a advogada, a suspeita surgiu após uma dentista do Instituto Médico Legal (IML), responsável pela perícia, perguntar se a adolescente possuía um dente escuro — o que foi negado pela família.
De acordo com Júlia, o estado avançado de decomposição do corpo impossibilitou a identificação visual, pelas digitais ou pela arcada dentária. A família chegou a ser questionada sobre características físicas que pudessem ajudar na identificação. Informaram, então, sobre uma cicatriz no queixo, mas ela também não pôde ser confirmada.
“Perguntaram sobre os dados físicos da Bia, se ela tinha algo que a identificasse, como uma tatuagem, mas ela não tinha. A única coisa que ela possuía era uma cicatriz no queixo. No entanto, segundo o pessoal do IML, essa cicatriz não pôde ser usada para identificação por conta do estado de decomposição do corpo. A identificação poderia ter sido feita também pelas digitais, mas elas já não existiam mais. Assim, o processo teria que seguir para a análise odontológica”, declarou a advogada.
Diante das limitações, foi iniciado o processo de identificação por DNA. O material biológico da mãe e da irmã de Ana Beatriz, além do corpo encontrado, foi recolhido e encaminhado ao Laboratório de Genética Forense do Instituto de Criminalística de Maceió. O resultado pode levar até 15 dias para sair.
Júlia Nunes também relatou a angústia enfrentada pela família diante da incerteza e da dor. "É muito triste para todos, principalmente para a família, que recebeu a informação de que seria a Bia e agora está com a esperança de que não seja. Então, precisamos aguardar o resultado do DNA, que pode demorar", pontuou.
A advogada também destacou a importância da apuração da dinâmica do crime, não apenas para compreender o que ocorreu, mas para garantir a devida responsabilização. “Estamos aguardando não só a identificação do corpo, mas também a apuração da dinâmica do crime. Precisamos saber: foi feminicídio ou não? Houve tortura? Como tudo aconteceu? Porque, dependendo da forma como o crime foi cometido, a pena pode mudar. Inclusive, podem inserir ele [o suspeito] em outros crimes."
O caso
Ana Beatriz desapareceu após sair do campus do Instituto Federal de Alagoas (Ifal), localizado no Centro de Maceió, com destino ao bairro da Garça Torta, onde reside. Desde então, equipes de segurança e resgate vêm atuando de forma contínua nas buscas.
Durante a investigação, um homem foi preso, suspeito de envolvimento no desaparecimento da adolescente. A Polícia Civil segue com os trabalhos para elucidar o caso.
No sábado (3), a Polícia informou que o corpo encontrado em uma fossa poderia ser de Ana Beatriz. No entanto, durante coletiva de imprensa realizada na segunda-feira (5), a corporação esclareceu que a identificação só será confirmada após os exames laboratoriais.