O projeto engloba diferentes etapas, entre elas, palestras com a participação do poder público e a formação de comitê anti-bullying
Na última semana de abril, no dia 28, foi celebrado o Dia da Educação, no Brasil e em diferentes países do mundo. Aqui em Maceió, uma instituição de ensino comemora a data com os resultados positivos de um projeto de prevenção do bullying.
Lançado em agosto do ano passado, o ‘Escola Livre de Bullying’ já é celebrado como uma ferramenta essencial para um ambiente escolar mais seguro e acolhedor. Desde a sua implementação, a iniciativa tem aproximado os estudantes de informações sobre a prática desse tipo de violência, suas consequências e como evitá-la.
A primeira ação do projeto foi em parceria com a Associação Alagoana de Magistrados e trouxe, através de palestra, os detalhes sobre a criminalização do bullying, prevista na lei que entrara em vigor, em 12 de janeiro de 2024. Outros momentos com representantes da OAB-AL e mestres em Direito trataram das implicações legais do bullying e do cyberbullying, trazendo reflexões importantes sobre responsabilidade, segurança e cidadania digital.
“Desde o seu lançamento, o projeto traz ações para inibir o bullying na escola e, principalmente, no mundo virtual, onde o Brasil tem disparado com as práticas de cyber bullying. As atividades são voltadas também para mostrar como a lei institui medidas de proteção à criança e ao adolescente contra a violência nos estabelecimentos educacionais”, afirma Ricardo Andrade, diretor da escola Seb Bilíngue Maceió.
A legislação vigente acrescenta o artigo 146-A ao Código Penal, que tipifica o bullying como uma ação individual ou em grupo de intimidar, sistematicamente, uma ou mais pessoas, de modo intencional e repetitivo, sem motivação evidente, por meio de violência física ou psicológica.
Além das ações pontuais, o projeto se articula de forma transversal: os professores têm trabalhado o tema do bullying e do cyberbullying em seus planejamentos de aula, integrando a discussão aos componentes curriculares e fortalecendo o desenvolvimento das habilidades socioemocionais em sala.
Além de destacar pontos da lei, através de palestras informativas com especialistas para abordar as estratégias de prevenção e combate, o projeto conta com um comitê formado por alunos para treinar funcionários e estudantes sobre o tema. Esta etapa consiste em sessões onde o grupo capacitado ajuda os colegas a identificar situações de bullying e a mostrar o caminho para a resolução da situação.
“Acabamos de celebrar o Dia da Educação, nesse 28 de abril, e comemoramos colhendo os resultados positivos do projeto, antes mesmo de completar um ano da sua implantação. Sabemos que o bullying pode impactar significativamente a vida acadêmica e social dos nossos estudantes. Por isso, a necessidade dessa ação abrangente que conscientiza, ajuda a prevenir e a combater esse problema dentro de nossa comunidade escolar.”, celebra Rafael Renovato, psicólogo da instituição.
Ainda de acordo com Rafael, as ações vêm colaborando com a solidificação da cultura de respeito e de inclusão na escola, e atraem a família para participarem desse processo. “Acreditamos que o combate ao bullying é uma responsabilidade conjunta e o apoio e engajamento das famílias são fundamentais para reforçar esse trabalho. Recentemente, muitos pais foram provocados a refletirem sobre o tema após o lançamento de uma série de televisão que mostra as consequências do bullying e como nós enquanto família e escola estamos preparados ou não para prevenirmos ou nos darmos com essas situações”, pondera o psicólogo.
O projeto, que é permanente, segue com ações ao longo deste ano, dividido em quatro etapas, que incluem diagnósticos iniciais e conscientização. A proposta é direcionada a todos os alunos do Ensino Fundamental Anos Finais – 6º ao 9° Ano, e aos colaboradores da escola.
Bullying no Brasil - segundo um levantamento realizado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) em 2023, cerca de 23% dos brasileiros declararam ter sofrido bullying em algum momento da sua vida.
Classificado pela Lei nº 13.185, em vigor desde 2016, como intimidação sistemática, quando há violência física ou psicológica em atos de humilhação ou discriminação, o bullying se apresenta como um problema de saúde pública no Brasil e no mundo.