Atualizada às 11h27
Camponeses e camponesas bloquearam, na manhã desta segunda-feira (14), trechos da rodovia BR-101, em Teotônio Vilela, e da BR-104, em União dos Palmares, para cobrar do Governo do Estado o cumprimento do acordo sobre a destinação das terras do Grupo João Lyra para fins de Reforma Agrária.
O movimento denuncia que o acordo firmado em 2016 previa a destinação de parte das terras da antiga Usina Guaxuma e da Usina Laginha para o assentamento de famílias acampadas, mas até hoje não saiu do papel. Os bloqueios fazem parte da Jornada Nacional de Luta em Defesa da Reforma Agrária, realizada em abril por todo o país.
Em União dos Palmares, manifestantes bloquearam a entrada das antigas instalações da Usina Laginha com pneus e vegetação, impedindo a passagem de veículos. Com faixas que lembram os “29 anos do massacre de Eldorado dos Carajás”, eles exigem que as terras sejam devolvidas ao povo.
De acordo com a coordenação das organizações, o objetivo da ação é pressionar o Governo de Alagoas a avançar nas negociações sobre as terras da massa falida do Grupo João Lyra.
“Essa é mais uma demonstração de que, em unidade, as organizações que lutam pela Reforma Agrária em Alagoas seguirão firmes e em pressão para que de fato a gente garanta o assentamento das famílias que hoje vivem acampadas na região que antes era dominada pela Usina”, afirma o movimento.
Além disso, segundo informações da Polícia Rodoviária Federal (PRF), os bloqueios que ocorriam no quilômetro 40 da BR-104, em União dos Palmares, e no quilômetro 179 da BR-101, em Teotônio Vilela, já foram totalmente liberados e as vias seguem livres.
Entenda o caso
Desde a decretação da falência do Grupo João Lyra, os movimentos do campo reivindicam o assentamento de milhares de famílias camponesas nos hectares de terras pertencentes às antigas usinas do grupo em Alagoas. Entre 2011 e 2014, áreas das três usinas falidas — Guaxuma (em Coruripe, Teotônio Vilela e Junqueiro), Uruba (em Atalaia) e Laginha (em União dos Palmares e Branquinha) — foram ocupadas pelos trabalhadores.
Somente em 2016 foi iniciado um processo de negociação envolvendo os movimentos, o Governo do Estado, representantes da massa falida e o Tribunal de Justiça de Alagoas. Na proposta, considerou-se a possibilidade de reativar pelo menos uma das usinas para gerar recursos ao pagamento de credores.
Ficou acordado que as famílias Sem Terra deixariam a Usina Uruba, em Atalaia — com maior potencial de retomada das atividades — e, em contrapartida, seriam destinados cerca de 1.500 hectares da Usina Guaxuma, além da totalidade da Usina Laginha, para fins de Reforma Agrária. O acordo, no entanto, não foi cumprido até hoje.
Jornadas de luta
Sob o lema “Ocupar para o Brasil alimentar”, camponeses de todo o país mobilizam-se neste mês de abril para defender a Reforma Agrária como instrumento essencial na produção de alimentos saudáveis e na soberania alimentar.
A Jornada também marca os 29 anos do massacre de Eldorado do Carajás, ocorrido no Pará em 1996, quando 21 trabalhadores rurais foram assassinados pela Polícia Militar durante uma manifestação.
“Relembrar Eldorado é manter viva nossa história e memória de luta, além de reafirmar a atualidade da Reforma Agrária em nosso país”, dizem os manifestantes.
*Com Assessoria