Uma gestante denunciou ter sido vítima de negligência médica, alegando que teve seu parto negado duas vezes consecutivas. Ela chegou ao hospital na noite de domingo (23), apresentando dores e contrações de parto. As dores continuaram até a madrugada de segunda-feira (24), mas, mesmo assim, o atendimento necessário não foi prestado.

Ao chegar no Hospital Regional da Mata (HRM), localizado na cidade de União dos Palmares, interior de Alagoas, a gestante aguardou pelo atendimento. Quando finalmente foi atendida, relatou ter sido tratada de forma agressiva pelo médico e pela enfermeira durante o exame de toque, o que a levou a ser machucada. 

Além disso, a enfermeira afirmou que, com 38 semanas de gestação, ela não poderia realizar o parto naquele momento.

O marido da vítima relatou que, durante a espera pelo atendimento, o médico e as enfermeiras estavam dormindo. Após o atendimento e a recusa de realizar o parto, ela recebeu alta médica. 

Na manhã de segunda-feira (24), ela retornou ao hospital porque sua bolsa estourou, sendo atendida pelo mesmo médico, que insistiu que ela não estava em trabalho de parto por não ter semanas suficientes de gestação. A gestante informou que estava com 39 semanas e que no dia 25 completaria 39 semanas e 6 dias.

O médico afirmou que não se responsabilizaria por nada, repassando a situação para as enfermeiras, que também trataram a gestante de forma inadequada, afirmando que o parto ainda não estava no momento certo.

Durante a consulta, o médico usou um tom de voz agressivo com a paciente e, ao final, ironizou a situação com a frase “tchau, vá com Deus”, novamente negando a realização do parto. 

O marido dela, Alexandre, relatou em entrevista ao CadaMinuto que a esposa segue em casa e ainda não realizou o parto, pois não apresenta dilatação suficiente para um parto normal. 

“Diante da gravidade da situação, ela precisa de um procedimento, e o médico chegou a nos dizer diretamente que não iria retirar nossa filha”, contou ele.

Em um áudio enviado pela própria gestante, ela relata que, ao questionar o médico sobre os riscos à sua vida e à de seu filho, ele novamente alterou o tom de voz e afirmou que não realizaria o procedimento via cesárea. Ao mencionar a possibilidade de processá-lo, o médico respondeu: “Então pode processar, porque eu não vou fazer seu parto cesáreo”, conforme relato da gestante.

Em nota, a Secretaria de Estado da Saúde de Alagoas (Sesau/AL), a direção do Hospital Regional da Mata (HRM), em União dos Palmares, informou que em nenhum momento houve negativa de atendimento à gestante J.S.G. Segundo a unidade hospitalar, ela foi admitida na unidade na segunda-feira (24), onde passou por consulta com o médico plantonista. Veja nota na íntegra abaixo: 

“A direção do Hospital Regional da Mata, em União dos Palmares, esclarece que em nenhum momento houve negativa de atendimento à gestante J.S.G. Ela foi admitida na unidade na segunda-feira (24), onde passou por consulta com o médico plantonista. No exame de ultrassom foi diagnosticada uma gestação de 38 semanas e 4 dias, mas a paciente não se encontrava em trabalho de parto. 

 A gestante foi internada, permaneceu em observação durante a madrugada e, após reavaliação, liberada na manhã seguinte, uma vez que seu quadro clínico não evoluiu e ela não entrou em trabalho de parto. Antes de ser liberada, a paciente foi orientada a retornar ao hospital caso a situação se alterasse. Na terça-feira (25), a gestante retornou com o mesmo quadro clínico do dia anterior e foi novamente avaliada por outros dois médicos, que também não identificaram sinais de trabalho de parto ativo. Eles explicaram que, mesmo a paciente sentindo contrações, não havia modificações no colo uterino e que, portanto, não se justificaria uma nova internação. 

 Ao ser informada sobre a conduta médica, a gestante e sua acompanhante agrediram verbalmente a equipe de plantão, por não concordarem com a avaliação médica, embasada em estudos científicos relacionados à obstetrícia.  

A direção do Hospital Regional da Mata reitera que a unidade está de portas abertas para receber a paciente e prestar a assistência necessária, atuando, entretanto, conforme prevê a literatura médica.”

*Estagiaria sob supervisão da Editoria