Em protesto, neste domingo (23), contra a lei que equipara a pena de aborto após 22 semanas de gestação ao crime de homicídio,  mulheres queimaram um boneco do presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP). A manifestação aconteceu na Avenida Paulista, Centro de São Paulo.

Além de queimar o boneco de Lira, feito de papelão, as manifestantes seguravam cartazes com frases como “criança não é mãe” e “arquiva PL1904”.

O protesto ocupou duas faixas em frente ao Masp (Museu de Arte de São Paulo) e foi o terceiro ato contra a proposta do deputado federal Sóstenes Cavalcante (PL-RJ) na capital paulista. Dezenas de mulheres também foram às ruas em Copacabana, na zona sul do Rio de Janeiro.

A proposta enfrenta pressão popular desde que a Câmara aprovou requerimento de urgência para votar o projeto no último dia 12 em menos de 30 segundos. Com isso, o texto poderia ir direto à plenário para votação.

Com a reação negativa, Lira recuou e disse que o tema seria apreciado no 2º semestre. Para as mulheres contrárias, o adiamento não é suficiente e, por isso, elas pedem o arquivamento do projeto.

Lira aceitou aprovar a urgência como uma parte de acordo com a bancada evangélica. "Nada irá avançar que traga qualquer dano às mulheres. Nunca foi e nunca será tema de colégio de líderes nenhuma dessas pautas", afirmou o presidente da Casa, na terça-feira (18).

A proposta em tramitação na Câmara prevê alterar quatro artigos do Código Penal. Atos que hoje não são crime ou que têm pena de até quatro anos passam a receber tratamento de homicídio simples — punição de 6 a 20 anos de cadeia.

Os médicos poderão ser presos, caso o projeto seja aprovado. Hoje, eles são considerados isentos de responder por qualquer tipo de crime. Pela proposta, poderão ser punidos em caso de interromper a gravidez de feto que não seja anencéfalo.